A consultora Fitch Solutions prevê um aumento na produção de gás, na África Subsaariana, de 80,5 mil milhões de metros cúbicos para 135,2 mil milhões em 2032. De acordo com a projecção, Moçambique será um dos principais produtores e exportadores do recurso.
Num relatório sobre o sector do gás natural na região subsaariana de África, os analistas da consultora Fitch Solutions destacam Moçambique, Nigéria, Mauritânia e Senegal como os grandes impulsionadores da subida de produção e exportação de gás natural.
“O FLNG Coral, da Eni, é o primeiro de três projectos planeados para Moçambique e deverá entrar em funcionamento no segundo semestre deste ano, posicionando Moçambique como um produtor e exportador líquido de LNG”, escrevem.
A consultora alerta, no entanto, que a situação de insegurança no Norte do país continua a colocar um grande risco para o regresso das operações da TotalEnergies e para a Decisão Final de Investimento da ExxonMobil.
“Antevemos que o primeiro gás da TotalEnergies comece a ser produzido em 2026 e a que a Decisão Final de Investimento da ExxonMobil ocorra este ano, com a primeira produção em 2027”.
Segundo projecções da Fitch Solutions, a produção de gás natural na África Subsaariana deverá subir em cerca de 54 mil milhões de metros cúbicos daqui a nove anos.
“A nossa perspectiva para a evolução da produção de gás natural na África Subsaariana é positiva; prevemos que a produção aumente dos actuais 80,5 mil milhões de metros cúbicos para 135,2 mil milhões de metros cúbicos em 2032, com a maior área de investimento na região nos próximos anos a ser a expansão da capacidade de exportação de gás natural liquefeito.”
A região da África Subsaariana está “bem posicionada para se beneficiar do aumento da procura do seu gás”, sublinham, lembrando as consequências da invasão à Ucrânia pela Rússia e a vontade dos europeus de diversificarem as fontes de compra de gás, procurando afastar-se do gás russo.
“A expansão da infra-estrutura de gás natural é crucial para potenciar a procura na região; alguns mercados na região estão lentamente a fazer progressos neste sentido”, dizem, apontando o exemplo de Moçambique, que planeia construir, a partir do princípio deste ano, um “terminal de importação de gás no sul [Matola LNG] que daria ao país uma fonte fiável de fornecimento de gás para assegurar a crescente procura.”
Na nota, os analistas concluem que “apesar de haver custos iniciais substanciais na fase de construção, expandir a infra-estrutura de importação de gás natural liquefeito é essencial para desbloquear a procura de gás natural na região” e fomentar a exportação.
Neste contexto, a Nigéria será fundamental, uma vez que vai representar quase metade da procura interna de gás na região, que precisa de mais infra-estruturas para potenciar a procura por parte dos seus habitantes locais, algo que os decisores políticos já perceberam e estão a tentar resolver, nota a Fitch Solutions.
Moçambique tem três projectos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da Bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.
Dois desses projectos têm maior dimensão e prevêem canalizar o gás do fundo do mar para terra, arrefecendo-o numa fábrica para o exportar por via marítima em estado líquido.