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Moçambique e Noruega assinam parceria para aviso prévio e mudanças climáticas

Visando o reforço do sistema de aviso prévio e adaptação às mudanças climáticas, Moçambique e Noruega assinaram, esta quarta-feira, uma parceria, cujo foco será a troca de conhecimentos para uma acção antecipada.

Face à ocorrência cíclica de eventos climáticos extremos, Moçambique busca melhorar a sua capacidade de previsão meteorológica com vista à tomada de decisões mais acertadas e mitigação de riscos.

Para o efeito, foi assinado, esta quarta-feira, em Maputo, um acordo de transferência de conhecimento entre o Instituto Nacional de Meteorologia de Moçambique (INAM) e o Instituto de Meteorologia da Noruega (MET Noroway) .

“O nosso principal objectivo é melhorar os dados meteorológicos e o conhecimento sobre o clima para melhor orientar o processo de tomada de decisão e a resposta a nível provincial, distrital e nacional. No final do dia, os serviços meteorológicos podem salvar vidas e assegurar a nossa sobrevivência”, disse Haakon Gram-Johannesen, embaixador da Noruega.

O embaixador abordou as similaridades entre Moçambique e Noruega, a destacar a vasta costa oceânica que caracteriza os dois países, pelo que pensa que a experiência norueguesa sobre a análise de ondas oceânicas é um valor adicional, isto para além das habilidade na análise climática.
Gram-Johannesen foi mais longe ao dizer que “não se pode pensar em relevância no sector da agricultura, pesca e águas sem o INAM. Este aspecto torna a nossa relação relevante, mas por outro lado traz uma responsabilidade acrescida, no sentido de assegurarmos que os resultados sejam tomados em tempo hábil”.

O embaixador apelou para que haja comprometimento de ambas partes.

Do lado de Moçambique, o ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, falou do apoio da Noruega como relevante para o reforço da resiliência do país.

“Com esta parceria que irá envolver o estabelecimento de melhores práticas, discussões colegiais e treinamento no uso de ferramentas compartilhadas, disseminação dos resultados, partilha de ferramentas para gerir e avaliar a qualidade de dados meteorológicos, é nossa expectativa que, até 2030, o INAM consiga Melhorar a prestação de serviços meteorológicos e climáticos, para informar os decisores a nível nacional, provincial e local, em Moçambique e na Região”, disse Magala.

O governante abordou a necessidade de implementação de acções adequadas por parte dos sectores-chave para evitar os efeitos nefastos das mudanças climáticas.

“Neste contexto, precisamos de conjugar todos os esforços para a implementação de acções adequadas para assegurar a redução e gestão dos riscos e fortalecer a resiliência climática, bem como apoiar o desenvolvimento sustentável”, explicou.

A parceria é formalizada numa altura em que acaba de se iniciar mais uma época chuvosa, que nos últimos tempos tem sido caracterizada pela ocorrência cíclica de eventos extremos do tempo, cujo impacto devastador muito nos preocupa, uma vez que,  continuamos a assistir a perdas de vidas humanas, deslocação de pessoas, destruição de infra-estruturas, fomentando a insegurança alimentar e outras vulnerabilidades, criando impactos expressivamente negativos, em vários sectores-chave da economia e desenvolvimento do país.

Com este passo, o governante entende que Moçambique concorre para um dos objectivos da ONU no que se refere à nova iniciativa de “fornecer a todos os cidadãos do planeta, nos próximos cinco anos, um sistema integrado de aviso prévio para uma acção antecipada”.

As partes não se referiram a qualquer custo no acordo rubricado por Adérito Aramuge, director-geral do Instituto Nacional de Meteorologia de Moçambique e Rasmus Benestad, representante do Instituto de Meteorologia da Noruega.

Refira-se que para a presente época chuvosa ainda não foi aprovado o plano de contingência. A comissão técnico-científica, reunida, esta segunda-feira, na quarta sessão ordinária para debater, entre os vários assuntos, o impacto dos desastres naturais da época chuvosa já em curso no país e a questão do aviso prévio, avançou que a elaboração do plano de contingência está na fase final.

A instituição acrescentou que “não era possível produzir o documento antes do início do período”, pelo que se espera que, dentro de dias, o plano seja aprovado.

Nesta época, chuvas torrenciais já mataram pelo menos oito pessoas e destruíram mais de 60 casas no distrito de Gurúè. A secretária de Estado na Zambézia, Cristina Mafumo, que reagia à situação ocorrida há duas semanas, disse que se sabia que haveria “este período de chuva, mas não na magnitude com que está a acontecer e muito menos com os estragos que a mesma está a causar”.

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