O país investe pouco na produção de culturas alimentares, o que faz com que continue a gastar mais divisas na importação de alimentos, segundo um estudo divulgado hoje pelo IESE, na Cidade de Maputo.
Moçambique importa mais produtos agrícolas essenciais para a segurança alimentar das famílias. O arroz, o milho, o trigo e óleo vegetal são disso exemplo. Segundo o estudo designado “Economia política da alocação de recursos na agricultura em Moçambique: um olhar a partir da execução do orçamento de Estado em 2021”, elaborado pelo pesquisador e docente Constantino Marrengula, no período entre 2011 e 2020, o país gastou, em média anual, 217 milhões de dólares na importação do arroz, sendo o produto que mais faz gastar dinheiro na importação quando comparado com os outros produtos.
“Houve, recentemente, uma maior disponibilidade de recursos para o sector de agricultura, digamos para o ‘Sustenta’, mas a questão que se coloca é: onde exactamente nós atacamos? Então, a questão aqui é como nós sermos competitivos, digamos no espaço de Moçambique e no espaço global. Há questão naturalmente de porque é que os interesses do Estado, os interesses dos doadores e os interesses do sector privado estão focados nas culturas de rendimento. E onde é mais fácil obter ganhos rápidos. As culturas de rendimento trazem moeda externa, as culturas de rendimento garantem que os camponeses estejam ocupados a trabalharem e a fazerem alguma coisa, enquanto as culturas alimentares enfrentam o desafio de ter de competir com a produção que vem de outros sítios”, concluiu o académico.
Na cerimónia organizada pelo Fórum de Monitoria do Orçamento, estiveram presentes várias personalidades e sociedade civil. O presidente da Comissão de Plano e Orçamento na Assembleia da República diz que o país se tem esforçado em alocar recursos para o orçamento do Estado para permitir maior produção de produtos alimentares.
“E a agricultura, sendo uma área nevrálgica, uma área de extrema importância, demanda recursos adicionais, mas Moçambique tem estado a cumprir os compromissos internacionais, sobretudo a alocação dos 10% do orçamento do Estado ao sector da agricultura.”
Já o deputado do MDM, Fernando Bismarque, diz que o país precisa de apostar em infra-estruturas e tecnologia para melhorar a agricultura.
“Eu acho que o mais importante é investirmos na tecnologia e nas infra-estruturas para permitir e estimular o produtor a conseguir colocar a sua produção no mercado.”
O estudo que temos vindo a citar recomenda a mudança da orientação política do Governo para a agricultura; de abordagem na mobilização de recursos para o financiamento da agricultura e na orientação de financiamento para agricultura e equilíbrio da balança entre a agricultura de rendimento e de produção de bens de consumo.