Trata-se de um estudante de nome Abdul Malala. Malala viu parte da residência universitária, onde vivia, desabar. Escapou com vida, só com o celular e passaporte na mão.
Chama-se Abdul Malala e estuda Relações Internacionais, na Turquia, há quase quatro anos. Segundo conta, ele e mais quatro pessoas encontravam-se a dormir quando, cerca das 4 horas (3 horas de Moçambique), parte do edifício da residência universitária, onde morava, começou a desabar.
“Estávamos a dormir, quando a parede próxima ao lado onde eu estava começou a cair. Saímos às pressas. Nem sei como consegui levar o telefone, mas lembro-me de ter saído a correr. Isso durou mais ou menos cinco minutos”, detalhou.
Desesperado, quando a intensidade do sismo abrandou, arriscou-se para recuperar o seu passaporte, porque, segundo conta, “tinha que ter um documento para caso acontecesse algo comigo, as autoridades turcas tivessem facilidade para me identificar”.
Sem onde ir, apenas com celular, passaporte e a roupa que vestia, o estudante, junto de um colega chileno, foi abrigado por um cidadão turco a 25 quilómetros da residência universitária onde vivia.
Mas Acão tem prazos, por isso Abdul teme os próximos dias. “O senhor deu-me a mim e a outro colega do Chile abrigo de dois dias, ontem (segunda-feira) e hoje (terça-feira), e amanhã (esta quarta-feira) será cada um à sua sorte”, desabafou.
Aquitulane Amisse, que também conversou com o “O País”, vive em Istambul há sete anos e trabalha como designer gráfico.
Apesar de a cidade não ter sido afectada, segundo conta, muitas pessoas passaram a noite em claro na esperança de obter informações sobre os seus familiares em zonas destruídas.
“As pessoas que estão em Istambul limitaram-se a procurar contactos com os seus parentes pelo telefone, porque a distância daqui para a região afectada é de mais ou menos 150 km. O país está sem rumo. As pessoas estão preocupadas. Cai neve aqui, por isso as ruas estão abandonadas, mas as pessoas estão atentas às redes sociais e à televisão”, contou o designer gráfico.
Até às primeiras horas desta terça-feira, o tremor de terra continuava, segundo os nossos entrevistados, e o número de mortes tende a subir.
Em Moçambique, as imagens continuam a chocar todas as pessoas.
Talha Chahin, turco e residente no país, disse que, “às vezes, consigo assistir e vejo que tem crianças, é difícil e triste”.
Já Ibraim Chahin, apesar de ser albanês considera a Turquia como o seu segundo lar e lamenta a situação: “Infelizmente, o que aconteceu na Turquia é muito triste. Houve muito estrago, muitas vidas perdidas”.