O ministro da Saúde defendeu, hoje, priorização de investimentos no sector da saúde para a melhoria da qualidade dos serviços prestados à população. Armindo Tiago avançou ainda que a meta do Governo é construir 92 hospitais distritais até 2030.
O país tem, actualmente, apenas 49 hospitais distritais para atender a 154 distritos. A implementação da Política de Saúde enfrenta, por isso, segundo o ministro da Saúde, Armindo Tiago, desafios, principalmente relacionados com o financiamento insuficiente, o que limita a edificação de novas infra-estruturas sanitárias e o plano de formação acelerado de profissionais de saúde.
Daí que o investimento do país no sector da saúde visa, fundamentalmente, melhorar os serviços prestados. Actualmente, o acesso aos cuidados de saúde é estimado em cerca de 60 por cento.
As previsões indicam que o ritmo de crescimento populacional continuará a aumentar em Moçambique nos próximos anos, impactando de forma substancial, entende Armindo Tiago, no ritmo da melhoria dos indicadores de saúde.
Com base em dados estatísticos de 2021 sobre os recursos humanos de saúde, o rácio de profissionais de saúde por 10 mil habitantes em Moçambique é de 12 profissionais, perspectivando-se que, em 2030, seja de 25. Entretanto, o padrão recomendado pela Organização Mundial da Saúde é de 46 profissionais de saúde por 10 mil habitantes.
Deste modo, a melhoria dos indicadores de saúde demanda investimento em infra-estruturas e recursos humanos do sector da saúde, salientou o ministro da Saúde, ontem, no arranque da conferência internacional para a atracção de investimento para o sector da saúde.
O evento está inserido na iniciativa presidencial “Um Distrito, um Hospital”, lançada em 2019, com o foco no fortalecimento do sector da saúde.
O objectivo é garantir cada vez mais o acesso a cuidados básicos de saúde da população moçambicana, através da construção, requalificação e apetrechamento de 92 hospitais distritais até 2030. Por isso, Armindo Tiago defende a priorização de investimentos no sector da saúde.
“Se vossas excelências fizerem o compromisso para financiar o maior número possível de hospitais distritais, teremos a seguinte configuração: em 2020 tínhamos 45 hospitais, em 2023 49, esperamos que, em 2025, possamos conseguir, de acordo com os compromissos já assumidos, ter, no país, 66 hospitais, para em 2030 chegarmos a 92 distritos com um hospital distrital”, ressaltou Armindo Tiago, para depois afirmar que “os esforços devem ser concentrados nas zonas rurais, daí a implementação do projecto Um Distrito, Um Hospital mostrar não só relevância, mas também lógica e sobretudo justiça na prestação de cuidados de saúde à população”.
Admitindo que ainda há muito por fazer, o ministro da Economia e Finanças defende modelos alternativos de financiamento ao sector: “Exigências de investimento impõem a necessidade de adoptarmos mecanismos inovadores, para além das abordagens tradicionais de financiamento a que estamos habituados. São necessários mais de 900 milhões de dólares para concretizar a iniciativa Um Distrito, um Hospital e o país precisa de mais recursos para apresentar recintos hospitalares de excelência. Por isso, torna-se imperativo que o país avance para modelos ou mecanismos alternativos de financiamento que ajudem a impulsionar investimentos em infra-estruturas de saúde e a melhorar o acesso a cuidados de saúde de qualidade”.
Para Max Tonela, devem ser consideradas parcerias público-privadas robustas, que permitam o acesso ao financiamento para a construção, expansão e gestão de infra-estruturas públicas para ajudar a complementar os esforços do Estado na provisão de serviços de saúde de qualidade e acessíveis.
Ainda de acordo com o ministro da Economia e Finanças, é essencial atrair investimento internacional estrangeiro, que traga recursos financeiros, conhecimento especializado e tecnologia avançada para o fortalecimento do sector de saúde moçambicano.
Tonela diz que se deve considerar uma terceira alternativa, que é a troca da dívida pública por investimento na saúde, alocando valores resultantes em projectos de expansão da rede sanitária pública.
Para Enirtes Caetano, da Fundação Oswaldo Cruz, parceira do Ministério da Saúde, sublinha a importância da formação especializada de recursos humanos para a oferta de serviços de saúde de qualidade e sustentáveis.
“Uma necessidade de reconhecimento de determinantes e a previsão de medidas direccionadas para processos educacionais, que permitam a formação de uma força de trabalho qualificada, de forma a enfrentar dificuldades e novas exigências do mundo do trabalho. Profundas e rápidas transformações têm sido verificadas nos últimos anos e representam um desafio em todos os países a escassez de profissionais em áreas consideradas remotas e vulneráveis, e esse é um obstáculo à universalização do acesso à saúde por parte de vários Estados”, repisou.
Lembre-se que a iniciativa governamental, “Um Distrito, um Hospital” consiste na construção de 92 hospitais distritais até 2030, um investimento que irá custar cerca de 900 milhões de dólares.
A conferência internacional de investimentos no sector da saúde decorre até esta sexta-feira, na Cidade de Maputo. Espera-se que a materialização desta iniciativa resulte do esforço conjunto do Governo, sector privado, parceiros internacionais e nacionais, da sociedade civil e das comunidades.