Paulina Chiziane é convidada a participar da Expo-Dubai 2020, como uma das principais montras da literatura moçambicana. O convite foi feito hoje, pela ministra da Cultura e Turismo, Eldevina Materula, durante a homenagem prestada à escritora pela conquista do maior e mais importante galardão literário na lusofonia, o Prémio Camões.
O Ministério da Cultura e Turismo interrompeu, na última sexta-feira, o seu sexto Conselho Coordenador para prestar homenagem à escritora Paulina Chiziane, pela conquista do Prémio Camões. Na ocasião, Eldevina Materula, além do convite à escritora, teceu profundos elogios à primeira mulher africana a ser galardoada com o mais prestigiado prémio de Literatura Portuguesa.
“De 14 a 20 de Novembro, Moçambique far-se-á presente na EXPO-DUBAI 2020, na sua semana do turismo e eu gostaria que a Paulina Chiziane nos desse a honra de contarmos com a sua presença. Queremos que seja uma das principais montras da nossa literatura”, disse Eldevina Materula, ministra da Cultura e Turismo, durante o seu discurso.
A ministra disse ainda que “celebrar Paulina, celebrar este prémio é celebrarmos a Língua Portuguesa, a nossa moçambicanidade, é celebrarmos por todos, não só escritores, mas por todos os jovens que possam acreditar que vale a pena lutar pela nossa cultura”, pois, segundo ela, este prémio é e deve ser um reconhecimento à Literatura Moçambicana no geral.
Jovenal Bucuane, também escritor, felicita Paulina Chiziane e diz que o reconhecimento é para todos os escritores moçambicanos. Mas, aos jovens deixa um recado.
“A mensagem que eu quero deixar para todos os jovens é que não devem escrever apenas de olho nos prémios. Como Paulina disse, apenas escreva para ajudar o povo a entender o que está à sua volta”, disse.
Quem também deixa um recado é o escritor e docente universitário Nataniel Ngomane.
“Das 33 edições, apenas seis mulheres é que ganharam o Prémio Camões. Paulina é a sétima, por isso é um prémio também de grande significado para a mulher, não só em África, mas em todo o mundo. É um grande prémio, que nos prestigia e que nós temos que acarinhar, através da divulgação das obras de Paulina Chiziane”, disse, Ngomane.
Apesar de estar emocionada, Paulina Chiziane não se fez de rogada. Agradeceu pela homenagem, mas também aproveitou a ocasião para deixar recados.
“Os artistas em Moçambique, na maior parte das vezes, são reconhecidos depois de mortos. Eu sou um caso raro e se calhar comece a ser valorizada, porque fui reconhecida fora. Ninguém presta atenção à cultura, não só o Ministério da Cultura, mas a sociedade no geral”, desabafou.
Paulina Chiziane tornou-se a primeira escritora africana a vencer o mais importante prémio da Língua Portuguesa em Literatura.