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Mini-bus que matou 20 pessoas em Magul era um “Pirata”

As autoridades dizem que não viram o carro à saída, mas não parece verdade. As vítimas dizem que a mini-bus partiu do Terminal Interprovincial de Maputo às duas horas da madrugada e com lotação “muito” acima do recomendado. Tudo isso viola o Regulamento de Transportes em Automóveis.

Logo cedo, hoje, em conversa com o jornal “O País”, o representante dos transportadores do Terminal Interprovincial da Junta afirmou que aquele carro tinha sido um “pirata”, referindo aos carros que transportam passageiros sem licença e sem verificação pela Associação.

“Aquele carros não saiu daqui porque, primeiro, nós aqui temos uma lei que obriga a que todos os carros apenas saiam depois da cinco horas da manhã. Aquela mini-bus teve acidente às quatro horas e dez minutos, logo não pode ter sido nosso”, contou Vasco Novela, representante dos transportadores da Junta.

Esta versão foi ainda contada pelo Comandante da Polícia de Trânsito na Cidade de Maputo e pelo Directo Nacional de Transporte e Segurança Rodoviária, Cláudio Zunguze. Com a diferença de que este último notou alguma estranheza na forma como tudo aconteceu.

Zunguze disse que a indicação que tinha era a de que a viatura não teria saído daquele ponto, mas logo de seguida ele mostra descontentamento.

“Nós sabemos como funciona o transporte interprovincial. É preciso que tenha licença, senão não avança. Se avançou sendo que existem pontos de controlo de Nhongonhane e e Incoloane, é porque algo tem de ser apurado e haverá de se responsabilizar a quem for necessário”.

Além do mais, um carro que saia do terminal não pode exceder o limite da lotação, no caso era de 16 lugares, mas o carro tinha cerca de 25 passageiros a bordo. Outra violação ao regulamento que temos vindo a citar.  

 

AS VÍTIMAS REVELAM TUDO SOBRE AQUELA MADRUGADA

No total foram 31 vítimas do acidente mortífero de Magul. Destas, seis (todos este sobreviveram) estavam no camião que vinha no sentido Gaza-Maputo e as restantes 25 estavam na mini-bus. Morreram 20 pessoas, oito foram encaminhadas para o Hospital Provincial de Xai-xai, sendo que o restante já está no convívio familiar.

Entre as sobreviventes está uma jovem de 30 anos de idade, tem dois filhos, trabalha na cidade de Maputo e é de Gaza. Naquele dia tinha decidido regressar à casa para passar as festas com os seus filhos e sua mãe.

“Apanhei o carro no Missão Roque às 21 horas de Sábado. Só que o carro depois foi à Junta para carregar mais pessoas”, contou a moça que sofreu a bacia e que, neste momento não se consegue mexer.

A moça diz que no interior da praça estavam mais pessoas que vinha da África do Sul. Essas pessoas todas entraram no carro, “outras ficaram em pé”.

Entre essas pessoas que vinham da África do Sul estava Nelson Silvestre Mathe, que trabalha naquele país e que estava a caminho de Manjacaze, onde seus três filhos e esposa o esperavam para a celebração do dia da família.

Junto dele estava o irmão, que ainda se encontra inconsciente e sobre cuidados intensivos.

Ele não tem ideia de como é que o acidente ocorreu, mas sabe que no carro tinha “muita gente em pé e que saiu da Junta Às duas horas da madrugada de Domingo em direcção a Chibuto”.

 

ESTADO CLÍNICO É ESTÁVEL

O director clínico do Hospital Provincial de Xai-xai, Osvado João, garante que os paciente que se encontram internados naquela unidade sanitária estão estáveis. São seis na enfermaria e dois sobre cuidados intensivos.

“Apresentam um estado estável, estamos ainda a controlar e ainda não temos a previsão de quando qualquer um deles poderá ter alta. Há quem teve politraumatismo”, ou seja machucou-se gravemente em várias partes do corpo.

 

 

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