O Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) falhou a meta de matrículas para novos ingressos da primeira classe. Até 31 de Dezembro de 2019, último dia das matrículas, só tinham sido inscritos 77% dos pouco mais de um milhão e quinhentos alunos que eram esperados. Assim, o sector abre espaço para os pais que não conseguiram matricular seus filhos o façam em escolas que ainda tem vagas.
É o culminar de um processo que arrancou a 01 de Outubro e terminou, oficialmente, a 31 de Dezembro do ano passado. Aquando do arranque das matrículas para novos ingressos da primeira classe a expectativa era enorme por parte dos gestores da educação.
E desde que findou o processo, o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano veio ao público assumir que não alcançou metas previstas.
E logo nos primeiros dias, as escolas primárias registaram um fraco movimento de pais que queriam matricular os seus filhos. O que não se sabia, entretanto, era que este era o prenúncio de um “autêntico falhanço” das metas em termos de alunos de “primeira viagem”.
É que durante os três meses de inscrição, eram esperados, em todo país, 1.551.604 crianças, mas apenas 1.197.033 (77%) alunos foram matriculados dentro dos prazos estabelecidos. E, curiosamente, grande parte desses alunos são de locais onde ocorrem ataques armados e de insurgentes.
“As províncias de Sofala e Cabo Delgado são as que mais se destacam com 91.4% e 86, respectivamente, seguidas de Nampula e cidade de Maputo com 82.6 e 82.1% de execução”, indicou Ismael Nhaza, director-geral do Instituto Nacional de Desenvolvimento de Educação.
Depois de Sofala, Cabo Delgado, Nampula e cidade de Maputo segue Zambézia com 77,5%, Tete 76,2%, Manica que alcançou 74,3%, Niassa obteve 72,9%. E parece que os pais da região norte do país são os que tem noção do valor dos estudos. É simples provar. Basta contar que Inhambane com 59,8%, província de Maputo 55 % e Gaza com 52,9 são as que registaram os mais baixos níveis de execução.
“Em nenhum ano ficamos sem cumprir a meta. O que acontece é que os pais, quando olharem no dia 03 ou 04 de Fevereiro e verem que a sua criança já não tem com quem brincar, correm à escola para matricular. Este é que é o grande problema”, constatou Ismael Nhaza.
E como forma de ultrapassar essa situação abre pondera e abre mais espaço receber mais alunos que queiram se inscrever na primeira classe, apelando aos pais e encarregados de educação “a realizarem a matrícula, apesar de o prazo ter expirado. O Ministério da Educação, para garantir que toda criança em idade escolar (na primeira classe), vai permitir, a título excepcional, que se matriculem nas escolas que ainda têm vagas”.
Para fazer valer essa ideia, o sector explica que terá de haver uma interação entre as direcções das escolas de modo a orientar os pais e encarregados de educação na indicação das escolas de proximidade que ainda tenham vagas.
Ainda no ano lectivo prestes a iniciar prevê-se a contratação de 12.894 novos professores, dos quais 11.595 para o primário e 1.299 para o secundário.
“Este número (de professores) foi proposto para tender a expansão da rede escolar e para reduzir, ligeiramente, a nível nacional, o rácio aluno-professor de 65 para 65 para 64.8 no EP1 e redução da carga horária do professor no secundário”, justificou Ismael Nhaza, director-geral do Instituto Nacional de Desenvolvimento de Educação.
No que ao livro diz respeito, o pelouro da Educação já comprou 18.455.200 para o ensino primário dos quais 18.129.600 são para os alunos da primeira a sétima classe, 162.600 manuais de professores e 163 mil guiões.
“Ainda no ensino primário, os livros de 3ª, 5ª, 6ª e 7ª classes são livros de empréstimo, ou seja, o aluno recebe o livro no início do ano e no final devolve-o à escola. A estes, o MINEDH faz uma reposição de 40%”, explicou o director-geral do Instituto Nacional de Desenvolvimento de Educação. Em outras palavras, isso significa que os livros usados nas classes supracitadas em 2020 transitam para 2020, “com excepção da 4ª classe que par o ano lectivo 2020 terá novos livros no âmbito da revisão curricular”.
Face às deslocações dos alunos devido às chuvas que caem no centro e norte do país, o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano garante ter preparado, em parceria com o INGC, material escolar para levar às escolas junto dos centros de acomodação.
Quanto aos possíveis impactos dos ataques na zona centro do país, o sector disse que ainda estava a fazer o levantamento das escolas que poderão ser afectadas.