Milhares de corpos vão a uma vala comum sem serem reclamados a cada ano só na Cidade de Maputo. No ano passado, foram enterrados 2207 cadáveres cujos familiares são desconhecidos.
A vala comum na Cidade de Maputo está localizada no cemitério de Lhanguene, onde os corpos são sepultados depois de 18 dias na morgue sem serem reclamados. Aliás, em condições normais, o corpo fica três dias na morgue e, depois desse período, é considerado não reclamado e fica mais 15 dias; caso assim permaneça, é encaminhado à vala comum. Muitos desses corpos são abandonados nos hospitais, na via pública, após acidentes de viação ou por outras causas. A situação está a preocupar o Município da capital do país.
“Em termos numéricos, no ano de 2022, nós tivemos cerca de 2207 corpos que foram à vala comum. Se compararmos com o ano 2021, verificamos uma redução de 16%, porque, nesse ano, tivemos 2500 corpos não reclamados que foram à vala comum. Nós podíamos dizer que estamos satisfeitos com esta redução de 16%, mas não estamos porque os números continuam muito altos ”, avançou Hélder Muando, director de Morgues e Cemitérios no Município de Maputo.
A nossa fonte aponta que a edilidade da capital do país presume que o abandono de cadáveres resulte da falta de condições financeiras para arcar com despesas fúnebres e há hipótese de interferência de determinadas seitas religiosas.
Para minimizar os custos com despesas funerárias, o Município de Maputo vende caixões a preços bonificados que variam entre 300 Meticais para crianças, 500 para adolescentes e jovens e 700 Meticais para adultos.
“O Município de Maputo criou uma funerária municipal que vende caixões a baixo custo a todas as famílias carenciadas. Já tivemos cerca de 400 famílias que se beneficiaram deste apoio em 2022. E há também seitas religiosas que proíbem seus crentes a realizar funerais ou prosseguir com as cerimónias fúnebres.”
O Município de Maputo diz ser estranho que determinadas famílias abandonem seus entes queridos na morgue.