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Meta falhada: somos ainda dependentes

Moçambique já devia ser auto-suficiente na produção de carne, de primeira e de segunda, segundo projecções feitas em Outubro do ano 2021 pelo ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural.

De acordo com uma publicação da instituição, feita na sua página electrónica, até Outubro de 2023, o país não precisaria de importar carnes, ou seja, iria produzir o suficiente para abastecer o mercado.

Entretanto, essa meta não foi alcançada. O mais recente relatório do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, sobre 2023, refere que o país não conseguiu cobrir as necessidades de consumo.

“Em 2023, a produção nacional de carne bovina correspondeu a cerca de 94% do consumo nacional projectado em 22 522 toneladas”, revela o Balanço da Pecuária, um documento elaborado pelo Ministério.

Embora esteja perto da meta de auto-suficiência, 2% da produção nacional de carne de pequenos ruminantes, como cabritos e ovelhas, continua também a ser importada. O país abastece 3987 toneladas.

Moçambique continua, também, a importar 4% do frango que consome, chegando a cobrir o remanescente, equivalente a cerca de 96% da procura nacional estimada em 159 847 toneladas.

De acordo com o relatório, nos últimos 10 anos, o cumprimento da obrigação de vacinação e banhos tem representado o principal desafio para o crescimento do sub-sector pecuário.

“Ao longo deste período, vem-se registando o incumprimento do requisito mínimo recomendável para atingir a defesa sanitária do efectivo animal e o cumprimento das obrigações dos acordos ratificados com organismos internacionais sobre saúde animal e comércio”, admite o Ministério da Agricultura.

Devido à situação, o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural definiu objectivos no domínio da sanidade animal, entre eles assegurar a cobertura mínima vacinal de 80% do efectivo animal.

“Em 2023, registou-se uma cobertura vacinal média de 79%. A cobertura vacinal mínima desejável é de 80%”, refere a instituição.

 

PRODUÇÃO NACIONAL DE CARNES LONGE DA MÉDIA DA SADC

Do grupo dos 16 países da SADC, Moçambique faz parte dos que menos produzem carnes vermelhas. É o sexto maior produtor, melhor apenas que eSwatini, Maurícias, Lesotho, Comores e Seychelles.

Em termos globais, a região produz cerca de 4 250 682 toneladas de carnes vermelhas, onde se destaca a África do Sul com a produção de 1 520 890 toneladas. Já Moçambique contribui com 29 008 toneladas.

Outros países melhor posicionados em relação a Moçambique em termos de produção de carnes vermelhas são: Zimbabwe, Tanzânia, Malawi, Angola, Zâmbia, RDC, Madagáscar, Namíbia e Botswana.

Na avicultura, a produção anual de carne de frango é de 2 706 737,23 toneladas, sendo a África do Sul a maior produtora, com 1 951 000 toneladas e Moçambique, em segundo lugar, com 152 784 toneladas.

Embora esteja abaixo da média da SADC, os níveis de produção da carne bovina no país tendem a crescer. Em 2023, produziram-se 21 136 toneladas, um crescimento na ordem de 5% face ao ano de 2022.

“Esta produção resulta do abate de 148 844 bovinos, e o peso médio de carcaça nacional foi de 142 Kg. O sector privado registou um crescimento de 2% de peso médio de carcaça, ao passar de 140 Kg para 174 Kg, enquanto o sector familiar manteve a média de peso de carcaça de 110 Kg”, refere o Ministério da Agricultura.

No que toca ao leite fresco, foram produzidos, no ano passado, 2 486 344 litros contra 2 436 697 litros em 2022. As províncias de Manica e Sofala representaram cerca de 70% da produção nacional.

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