Nesta altura em que o Presidente Joaquim Chissano completa 80 anos, envio-lhe os meus Parabéns e votos de Felicidade e Boa Saúde.
Conheci o adolescente Joaquim Chissano em 1952 (já lá vão 67 anos), quando ele entrou para o então Liceu Salazar. Ele e Pascoal Mocumbi foram os dois primeiros moçambicanos de raça negra a frequentar o Liceu Salazar. Eu frequentava nessa altura o 7º ano do liceu.
Voltei a encontrá-lo, em 30 de Dezembro de 1960, quando o governo colonial-fascista nomeou a 2ª Comissão Administrativa, para a Casa dos Estudantes do Império (CEI – a Casa) e quando houve uma assembleia de estudantes de protesto por esta decisão do governo colonial-fascista. Chissano veio nesse dia, pela primeira vez, à Casa.
Encontrei-o de novo, em 1964, na Argélia. Depois convivemos mais intensamente, em Dar es Salaam, a partir de Março de 1965 até Junho de 1968.
Durante todo este período, Chissano sempre se revelou um jovem simpático, calmo, ponderado, afável, modesto, amigo do seu amigo, capaz de moderar conflitos entre camaradas, muito dedicado à causa da Libertação do Povo Moçambicano.
A 20 de Setembro de 1974, Joaquim Chissano tomou posse como primeiro-ministro do Governo de Transição, que conduziu Moçambique até à proclamação da Independência Nacional. Durante a vigência do Governo de Transição, tive oportunidade de ter uma convivência muito próxima, com o então primeiro-ministro.
Chissano continuou a demonstrar as mesmas qualidades que já antes tinha evidenciado.
Depois da proclamação da Independência, Chissano foi nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros e eu, ministro da Saúde. Durante cinco anos, fomos colegas ministros do mesmo Governo, sob a liderança do malogrado e sempre estimado Presidente Samora Machel. Sempre mantivemos as melhores relações.
Como chefe da diplomacia moçambicana, Joaquim Chissano ajudou o país a granjear respeito e simpatia em todo o mundo, do Oriente ao Ocidente e do Norte ao Sul. Aí demonstrou as suas grandes qualidades de diplomata, que continuou a evidenciar como Presidente da República e mesmo depois.
Após a morte do Presidente Samora Machel, a Comissão Política da FRELIMO confiou-lhe a pesada responsabilidade de assumir as funções de Presidente da República, onde continuou a demonstrar as qualidades que já lhe eram conhecidas.
Moçambique muito lhe deve! A ele se deve a Liberdade de Imprensa e um espírito de tolerância e abertura ao diálogo, no seio da comunidade moçambicana e mesmo na arena internacional, onde tem vindo a moderar muitos complexos conflitos nacionais, noutros países.
Uma das grandes manifestações do seu espírito de tolerância e de abertura ao diálogo foi ter conduzido, com sucesso, as negociações com a Renamo, para o fim de 16 anos de uma guerra de desestabilização, que dilacerou o tecido social e económico do país. O Acordo Geral de Paz, assinado a 4 de Outubro de 1992, levou a que o povo, carinhosamente, o tratasse por “Obreiro da Paz”.
Por todas estas razões, aqui lhe presto a minha homenagem, por ocasião do seu 80º aniversário.
Parabéns Camarada Chissano!