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Melque: entrar para ser o homem do jogo

Fotos: FMF/CAF

Os Mambas venceram a Líbia por 3-2, na passada terça-feira, no Estádio Nelson Mandela, em Argel, capital da Argélia, palco do CHAN 2022. Uma exibição boa na primeira parte, mas excelente e de outro nível, na segunda parte, onde os jogadores, um a um, fizeram a sua parte. Olhamos para a prestação de cada um dos Mambas que ajudou a fazer história no futebol moçambicano.

Victor: um guarda-redes de luxo que os Mambas têm. Foi o melhor guarda-redes da primeira jornada e provou nesta partida, diante da Líbia, com defesas espectaculares e a salvar a selecção de sofrer vários golos. Não teve culpa no primeiro golo sofrido, afinal, já estava fora dos postes. Mas no segundo golo, quase deitava balde de água fria aos moçambicanos. Ainda bem que o jogo terminou logo, porque, depois daquela oferta, o ânimo do Victor podia ser outro.

Infren: um bom lateral direito. Fez o seu papel com alguma perfeição. Sim, alguma, porque foi mal batido no golo que os Mambas sofreram, já que foi do seu lado que Musail apareceu solto para galgar terreno e fazer o cruzamento que acabou por dar num autogolo. E não foi somente nesse lance: muitas vezes subiu no terreno e não conseguia voltar para recuperar a sua posição. Esteve bem nas subidas e nos cruzamentos. Pena que, naquele cruzamento, na primeira parte, não tenha dado em golo de Nelson.

Chico e Martinho: São dois centrais que pareciam não se entender em algum momento. Aliás, houve muito de Chico do que de Martinho. O central do Costa do Sol esteve mal no lance do golo, não por culpa sua, mas a tentativa acabou por enganá-lo. Foi o mais sacrificado nas dobras e, quando subia, conseguia dar “pique” e recuperar sua posição. Já Martinho foi mais escondido. Teve pouca acção, graças à boa actuação de Chico. Ainda assim, acabam por formar uma boa dupla de que se precisa para a defesa moçambicana.

Danilo: talvez por ter sido o melhor lateral esquerdo da primeira jornada terá pesado nas suas costas. Danilo acabou por ser sombra de si mesmo. Teve alguns raides, mas nada que fosse de grande registo. Ao defender, foi muito duro e o árbitro estava atento a ele. Acabou por cometer várias faltas e, numa delas, viu a cartolina amarela. Chiquinho Conde percebeu que havia necessidade de o tirar e colocou no seu lugar Bhéu.

Amadou: que médio. Um destruidor por excelência. Com o seu porte físico, Amadou bastante a estancar as entradas dos líbios pelo corredor central. Foi o primeiro betão da defensiva moçambicana e fez uma boa dupla com Shaquile. Acabou substituído numa altura em que já não era necessária a sua ajuda, pois os Mambas tinham que estar balançados ao ataque.

Shaquile: tal como Amadou fez uma boa partida. Uma dupla que conseguiu parar as acções da Líbia pelo corredor central. As suas faltas cirúrgicas foram preponderantes para estancar a saída do adversário em velocidade. Aliás, Shaquile é apenas franzino no corpo, não no pensamento e nas movimentações. Também foi substituído quando os Mambas precisavam de mais acções ofensivas do que defensivas.

Nelson: não se pode falar das acções ofensivas sem se pronunciar o nome de Nelson Divrassone. Excelente jogador a atacar, sempre a criar desequilíbrios no ataque, como um médio que sempre dobra para o meio do ataque. Lembram-se do cruzamento de Infren, em que Nelson rematou rasteiro a testar Allafi? Pois é! Se não tivesse desistido daquele lance, certamente outro galo teria cantado. Mas foi um jogador que soube abrir espaços para os atacantes terem margem de manobra. Boa actuação deste jogador.

João Bonde: teve uma primeira parte em que andou meio apagado, não se sabendo qual era, de facto, a sua missão. Ainda assim, conseguiu aparecer em algumas jogadas do ataque, além de que esteve muitas vezes nas acções defensivas. Bonde é duro no embate e conseguiu fazer estremecer os médios e centrais da Líbia, apesar da sua estatura baixa. Acabou por ser substituído para dar mais frescura ao ataque.

Melven: um jogador em ascensão que precisa de muitos minutos e aprender mais com os mais velhos. Foi um dos mais novos em campo e a sua actuação foi positiva para um jogo que se exigia muito, onde a vitória era essencial para as aspirações dos Mambas. Chiquinho Conde não teve medo de colocar Ling de início e este correspondeu perfeitamente. Foi substituído para dar melhor frescura no ataque.

Isac: um capitão de realce. Um jogador que sabe posicionar-se em campo, a atacar e a defender, a colocar ordem nas quatro linhas. Isac foi dos que mais oportunidades de golos teve no jogo. Na primeira parte, teve duas grandes oportunidades de marcar, uma a proporcionar uma excelente defesa ao guarda-redes e depois a rematar rasteiro para defesa de Allafi. Na segunda parte, teve também três oportunidades e não conseguiu marcar. Mas esteve bem.

 

SUBSTITUIÇÕES DE LUXO

Melque: foi dos primeiros a entrarem a substituir e esteve claramente acima da média. Conseguiu empurrar a equipa para a frente do ataque, com jogadas de grande nível. Marcou um golo de classe, numa posição em que Isac tinha falhado. Depois fez uma excelente abertura para receber um passe longo, bom domínio, galgou terreno e cruzou com perfeição para o golo de Lau King. Foi eleito o homem do jogo e com toda a razão.

Nené: quando entrou, havia dúvidas em relação à sua posição. Afinal era mesmo para estar à frente dos defesas e apoiar sobremaneira o ataque. Quando foi solicitado a actuar, esteve bem. Nas alturas, voltou a provar que é um exímio cabeceador e acabou por ser da sua cabeça que os Mambas chegaram ao segundo golo. Boa prestação de Nené.

Lau King: qual rei, Lau foi o mesmo de sempre. Parece estar ausente, mas quando ataca é sempre com veneno. Teve uma oportunidade que falhou no momento certo, mas depois respondeu positivamente ao cruzamento de Melque e quase sentenciou o resultado. Uma boa arma secreta para Chiquinho Conde. Afinal Lau é sempre o King dos Mambas.

Bhéu e Dário: entraram para dar frescura à defesa e ao meio-campo mais descaído para frente. Estiveram bem nas suas manobras, com Bhéu a ser um lateral exímio e de boa classe. Dário reclama titularidade diante da Argélia, em função daquilo que fez ao longo do tempo em que esteve em campo.

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