Na capital do país, Cidade de Maputo, os profissionais de saúde queixam-se de sobrecarga em alguns hospitais, devido à greve dos médicos. Os utentes queixam-se de mau atendimento.
Com o frio na Cidade de Maputo, algumas unidades sanitárias registaram pouca afluência de pessoas que procuram por cuidados de saúde. Ainda assim, o atendimento era lento.
Numa ronda por alguns hospitais da capital, o cenário era de pouca afluência. Mesmo assim, parte dos utentes denunciou o mau atendimento no primeiro dia da greve no Hospital Geral José Macamo.
“Cheguei aqui por volta das duas horas da madrugada, particularmente, não gostei do atendimento, porque, quando chegámos, fomos mal recebidos. Eu estava desesperado e uma das enfermeiras estava a falar ao telefone e não fez nada para nos ajudar e só depois de esperar muito tempo é que tivemos ajuda. Isso não aconteceu apenas comigo, há outras situações que acompanhei de vários utentes”, denunciou Sidny Dilas, utente do Hospital Geral José Macamo.
Quem também se queixou de morosidade no atendimento é Domingos, que disse ter ficado mais de duas horas de tempo à espera de tratar certidão de óbito.
“Cheguei muito cedo para tratar certidão de óbito do meu irmão, falecido ontem neste hospital, passam-se quase duas horas de tempo, até agora só pediram a nossa ficha e não temos nenhuma informação sobre o documento. Tudo está parado, nem água vem nem água vai”, disse Domingos, utente naquela unidade sanitária.
Reagindo à situação, o director clínico do Hospital Geral José Macamo, Luís Malle, reconheceu o problema e disse que a situação se deve à ausência de profissionais em alguns serviços.
“No Banco de Socorros, apareceram apenas sete médicos, normalmente são quinze mas divididos em vários turnos. No turno que costuma ter nove a dez pessoas, só há sete, mesmo assim, o atendimento está um pouco lento para aquilo que devia ser. Temos 30 médicos especialistas em todo o hospital, felizmente nenhum deles faltou. Os clínicos gerais são 22 e só temos os sete que estão presentes, mas temos outros turnos e ainda não sabemos se virão ou não”, disse Luís Malle, director clínico do Hospital Geral José Macamo.
Luís Malle disse ainda que os médicos em exercício se ressentem do excesso de trabalho e que a maternidade estava a funcionar normalmente, porque os médicos especialistas não faltaram, mas também temos alguns clínicos gerais que dão apoio e esses faltaram.
Há incerteza de quantos profissionais aderiram à greve na totalidade, mas de uma coisa Luís Malle tem a certeza: “O pessoal ressente-se do excesso de trabalho”.
No Hospital Geral de Mavalane, o fluxo de pessoas à procura de cuidados de saúde também foi abaixo do normal e os profissionais tiveram que redobrar os esforços. De acordo com a directora clínica interina, Luzidina Martins, o atendimento aos utentes estava a decorrer normalmente, mas, para garantir essa normalidade, os poucos médicos que estiveram a trabalhar foram obrigados a redobrar esforços.
“Em alguns sectores, os médicos fizeram-se ausentes neste momento, mas fizemos alguns arranjos com os recursos humanos que temos e estamos a trabalhar”, disse Luzidina Martis, directora clínica interina no Hospital Geral de Mavalane.
O regresso da greve dos profissionais de saúde poderá durar 21 dias prorrogáveis.