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Mbate Pedro conversa sobre a importância da leitura e escrita

O Conselho Municipal de Maputo promove, esta quarta-feira, mais um programa “A caminho da feira”. A iniciativa pretende divulgar a Feira do Livro de Maputo, que irá decorrer nos dias 5, 6 e 7 de Outubro, no Jardim Tunduru, na capital do país.

Desta vez, o autor convidado é Mbate Pedro, Prémio Literário BCI 2015, com a obra “Debaixo do silêncio que arde”. Às 14h desta quarta, o poeta vai conversar com alunos da Escola Secundária Eduardo Mondlane, em Maputo, sobre a importância da leitura e da escrita. Para que a cavaqueira literária seja produtiva, Mbate almeja debruçar-se sobre a importância da literatura e da cultura para a formação de um cidadão livre e crítico, tendo em consideração a realidade social moçambicana cada vez mais fragmentada, com uma crescente perda de valores. “Em cerca de meia hora, pretendo interagir com os alunos e os professores, falando dos livros e dos autores que me influenciaram e que me têm influenciado ao longo do meu curto percurso literário”, afirma Mbate Pedro, sem esconder que gostava de aprender dos alunos e dos professores, afinal estará numa escola.

Nesta ida à Escola Secundária Eduardo Mondlane, primeiro, Mbate Pedro espera aproveitar a oportunidade de contribuir para reduzir a enorme distância que ainda existe no país entre o leitor e o autor. Em segundo lugar, o poeta espera aproveitar “a alegria de poder falar para uma audiência de professores e alunos sobre bons autores, que, a meu ver, têm escrito grandes livros  e que precisam de chegar a um público mais vasto. Falo, por exemplo, de Andes Chivangue (Menção Honrosa do Prémio Glória de Sant’Anna 2017, com o livro “Fogo Preso”), de Lucílio Manjate (Prémio Eduardo White 2017 com o livro “Rabhia”), de Sangare Okapi, Hélder Faife, etc. Afinal esse tipo de eventos são também uma oportunidade para a promoção de escritores e das editoras.  

Além disso, o poeta que integrou a comitiva moçambicana que recentemente participou no FliPoços, no Brasil, considera que actividades preliminares como estas podem ajudar a elevar o interesse dos alunos e professores por feiras e pelos livros. “E penso que acaba por ser um catalisador para que durante a feira, a interação entre o escritor e leitor seja mais dinâmica. Entretanto, é desejável que tais encontros continuem também durante a feira”.

Quanto à fase final da Feira do Livro de Maputo, Mbate Pedro entende que deve atrair mais visitantes e tornar-se no maior ou num dos maiores eventos literários do país. “Nesse aspecto, julgo que ainda há um longo percurso a fazer. Quando há este tipo de eventos, a cidade que o acolhe deve transformar-se numa verdadeira aldeia literária, onde os seus habitantes celebram o livro e a cultura, havendo, por exemplo, filas enormes de leitores a fim de comprarem livros e interagirem com os seus autores”.

Mas qual deve ser o maior compromisso da Feira do Livro de Maputo? Mbate não hesita: “Formar (mais e novos) leitores e incentivar o gosto pelo livro. É urgente formar leitores. Colocar o livro no centro da vida do cidadão. Precisamos ter cidadãos de todas as classes sociais, cultos e com elevados valores morais e de cidadania.

No final da sessão com os alunos, Mbate Pedro vai oferecer exemplares de autores da editora Cavalo do Mar.

O significado da Feira do livro de Maputo

De acordo com Mbate Pedro, a realização deste evento internacional, que junta autores de vários cantos do mundo no país, demonstra a força da literatura. “Ela afinal está viva, está aí; até porque atravessamos um bom momento literário, no que se refere a crescente afirmação de uma geração de escritores pós-Charrua com qualidade literária. Temos hoje autores, alguns dos quais referi anteriormente, a afirmarem-se dentro do espaço de língua oficial portuguesa, quer através da nomeação para prémios internacionais, assim como através de convites para a participação nos maiores eventos literários. Tudo isto mostra que a cultura, apesar dos actuais desafios económicos e sociais que enfrentamos, é a coisa mais importante para o ser humano, é, sobretudo, uma forma de resistência e é talvez o que mais nos une”.

 

 

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