Blackmoney é o título da exposição fotográfica e multidisciplinar de Mauro Pinto. Inaugurada esta terça-feira, no Centro Cultural Franco-Moçambicano, na Cidade de Maputo, a mostra pretende ser um manifesto a favor do Homem e da Terra.
No dia do seu aniversário, 6 de Setembro, Mauro Pinto (1974) inaugurou Blackmoney, no Centro Cultural Franco-Moçambicano, na Cidade de Maputo. O exercício artístico, mais do que uma individual fotográfica, na verdade, pretende ser um manifesto de um cidadão que faz parte de um planeta agredido pela vaidade e prepotência.
Partindo do tema combustíveis fósseis e das questões inerentes à sua exploração e utilização, Mauro Pinto propôs-se, através da arte fotográfica, lançar uma plataforma de discussão sobre que tipo de mundo o Homem está a construir. A questão de fundo é: “Até que ponto o nosso desenvolvimento, como seres humanos, passará pela exploração dos combustíveis fósseis?”.
Em parte, Blackmoney vai buscar ao universo dos mineiros toda uma situação dramática que os aflige e reduz na luta pela sobrevivência sempre feita de perigos. “Esta também é uma forma de discutirmos a humanidade, porque estamos a chegar a um nível de desumanidade tremendo. Acho importante começarmos a ter uma conversa mais profunda do que está a acontecer a nível mundial”.
Para o fotógrafo, a humanidade e as mudanças climáticas são assuntos sérios e que merecem uma reflexão sempre pontual.
Em termos de curadoria, Blackmoney é uma exposição multidisciplinar ousada e com níveis altos de produção. Aliás, toda a sala de exposição do Franco-Moçambicano está transformada. Para ver as fotos e todos os artefactos patentes, o visitante, primeiro, tem de usar um capacete igual a dos mineiros, headphones e uma luz específica. Depois, atravessa uma espécie de túnel de acesso e deixa-se mergulhar na escuridão. No interior, igualmente, o visitante tem uma experiência visual e sonora, que o envolve e surpreende, ora experimentado a sensação de estar numa verdadeira mina de carvão mineral, ora aproveitando tocar o carvão mineral trazido de Tete. Sobre isso, Mauro Pinto explicou: “Eu acho que sou uma pessoa que gosta de pensar fora do baralho, além daquilo que eu vejo. Eu quis trazer a experiência de como uma mina funciona. Este é um diálogo com todo o tipo de mina”.
Para a exposição Blackmoney, Mauro Pinto procurou estabelecer um equilíbrio entre a pesquisa e a arte. Nesse sentido, a individual também é informativa à medida que traz muitas questões políticas, culturais e socio-económicas. Em Maputo, a mostra é inaugurada dois anos depois de ter sido exposta em Portugal.