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Matos: um apelido, três manos na final

O mesmo apelido, o mesmo sangue, o mesmo objectivo: conquistar o título de campeão nacional. Matos, apelido destes craques machuabos, há muito foi escrito na história do basquetebol moçambicano com jogadas de grande execução.

E, no play-off da final, Amarildo Matos e Augusto Matos, no Costa do Sol, e Pio Matos, no Ferroviário de Maputo, não serão claramente de modas e vão se bater para açambarcar o título.

Aos 38 anos, o extremo Amarildo Matos vai disputar a última final da sua longa e brilhante carreira, pelo que há toda uma vontade de sair em grande.

Matos, o mais velho do clã de basquetebolistas, tem transmitido toda sua experiência nesta competição, mostrando que, mesmo à porta dos 40 anos, ainda pensa e executa muito bem as jogadas.

É, e isso não se compra, resultado de muito basquetebol. Primeiro, no Desportivo de Maputo, onde brilhou durante alguns anos. Depois, mais de 13 anos nos Estados Unidos da América, representou a universidade de Alone, em Califórnia, e Tcheiney, em Pensilvânia. Amarildo Matos foi campeão nacional pelo Desportivo de Maputo em 2002.

Ainda no Costa do Sol, evolui Augusto “Gordo” Matos, jogador que foi preponderante no jogo 2 com 18 pontos. Gordo, que se tem evidenciado nos tiros curtos e um para um, está a mostrar que tem muito valor.

Aliás, na última temporada, deixou boas impressões quando representou o Terceira Basket de Portugal. Recuando alguns anos, precisamente a 2015, havemos de encontrar um muito forte que ajudou o Desportivo de Maputo de Bernardo “coach B” Matsimbe a conquistar a Liga Moçambicana de Basquetebol Mozal após derrotar o Ferroviário de Maputo na final.

Brilhou nos Jogos Africanos Maputo 2011, quando a selecção nacional ocupou o prestigioso segundo lugar. Atravessou o atlântico, aterrou em Portugal onde deu cartas no Barcelos, clube no qual  foi eleito várias vezes melhor jogador em campo.

No  Ferroviário de Maputo, irá desfilar Pio Matos, jogador mais valioso  (MVP) e marcador da Liga Moçambicana de Basquetebol de 2015.

Pio Matos, base rapidíssimo e com fortes penetrações, tiros curtos e abertos, procura o seu terceiro anel depois dos títulos de 2015, no Desportivo de Maputo, e 2018, no Ferroviário de Maputo.

À semelhança do seu gémeo, Augusto, Pio foi selecionado por Belmiro Simango nos Jogos Escolares de Inhambane, em 2003.

 

Como tudo começou?

Estava escrito que eles iam brilhar. E que um dia, um dia mesmo, jogariam juntos na selecção nacional de basquetebol. Tal como acontecera no futebol, quando os irmãos Conde (Chiquinho, Geraldo e Elcídio) evoluíram no CAN-1986, no Egipto.

O sonho concretizou-se em 2011, no Afrobasket de Madagáscar, e depois no mesmo ano nos Jogos Africanos de Maputo.

Foi uma espécie de reencontro, porquanto Amarildo Matos ficou 10 anos (2001 a 2011) sem representar a selecção nacional, sendo que a sua última participação foi em 2001, no Marrocos, antes mesmo de rumar aos EUA.

Reza a história que Amarildo Matos fez a sua estreia na selecção principal com apenas 16 anos, disputando o Afrobasket de Marrocos.

Já os seus irmãos Augusto “Gordo” Matos e Pio “Lingras” Matos representaram, pela primeira vez, uma selecção nacional em 2005, nos Jogos da CPLP, em Angola.

Aliás, estes têm a particularidade de terem sido os primeiros atletas nacionais a saírem de uma selecção provincial para a nacional.

Facto curioso é que, depois dos Jogos da CPLP, Augusto e Pio Matos regressaram a Quelimane para prosseguirem com os estudos, mas esta intenção mudou. Os craques tiveram que vir a Maputo para dar continuidade aos seus estudos, tendo na altura ficado hospedados na casa de Mário da Conceição, na atura coach do Desportivo de Maputo. Mas treinaram, durante duas semanas, no rival e vizinho Maxaquene de Belmiro Simango, “coach” que os convocara para a selecção sub-16.

David Canivete, hoje no Ferroviário de Maputo, foi a pessoa que acolheu Pio e Augusto Matos na selecção nacional sub-16, em 2006. Foi a partir daí que os irmãos Matos desenvolveram amizade com Canivete e um dia, ao assistirem um jogo do extremo, ficaram solidários com o mesmo dado o resultado desfavorável ao Desportivo de Maputo.

Decidiram, então, representar o Desportivo de Maputo clube com o qual viriam a sagar-se campeões da cidade.

 

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