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Mário Ferro morreu vítima de insuficiência cardiorrespiratória  

A família do jornalista e empresário Mário Ferro diz que não houve tempo para fazer teste da COVID-19. Ainda assim, decidiu realizar todas as cerimónias fúnebres seguindo protocolos reservados a alguém que foi vítima do novo coronavírus.

Foi na última segunda-feira que morreu um dos homens da comunicação moçambicana. Mário Ferro sentiu-se mal na quinta-feira, logo depois que recebeu a notícia de que a sua filha, que vivia em Portugal, tinha perdido a vida.

Por ser hipertenso, a família chamou o médico, o que era a prática em situações idênticas. Com os primeiros cuidados dados em casa, o seu quadro estabilizou-se durante o fim-de-semana, mas na segunda-feira tudo piorou. Além de hipertenso, o jornalista e empresário era fumador, factores que aumentavam a vulnerabilidade à COVID-19, segundo o filho Mauro Ferro.

A família diz terá chamado novamente o médico para mais exames porque a situação era mais delicada. Assim sendo, era importante levá-lo ao hospital. Uma decisão que não foi do agrado do malogrado, que, segundo a família, não queria saber nada de ir a nenhuma unidade hospitalar.

Após várias tentativas de persuasão, Ferro aceitou ir ao hospital quando já tinha sido necessário ligar-lhe uma máquina de oxigénio. Com os hospitais cheios, a família relata que foi um martírio encontrar um espaço na área de doentes da COVID-19. O Hospital Privado de Maputo predispôs-se a fazer o tratamento mesmo fora das instalações.

“Neste momento, meu pai já estava consciente, ele já sabia o que estava a acontecer. Cheio de humor, até perguntou quem ia pagar as contas do hospital. Mas quarenta minutos depois ligaram-nos a dizer que já tinha morrido”, conta Mauro Ferro, filho do malogrado que esteve com o pai desde quando ele começou a sentir-se mal.

O tempo entre a chegada ao hospital e a morte foi tão curto que não deu para fazer o teste da COVID-19. Ainda assim, porque os sintomas levam a crer que tenha sido o novo Coronavírus que tirou a vida do jornalista e empresário, as cerimónias fúnebres seguirão os protocolos da pandemia.

“Nós criámos um espaço no exterior da casa. As pessoas avisam-nos antes de vir à casa e a gente vai tentando gerir [a situação]. Quem quiser vir cumprimentar, principalmente à minha mãe, a viúva, ela está lá dentro e recebe uma pessoa de cada vez com o necessário distanciamento físico. As que vêm para dar um abraço familiar ficam aqui fora um tempo médio de 10 a 15 minutos”, narra Mauro Ferro, adiantando que a cremação vai aconteceu hoje e serão seguidos todos os protocolos no sentido evitar que haja contaminação pela COVID-19.

Este é o fim de um homem que, além de marido, pai, filho, tio, foi dedicado à comunicação. Do jornalismo até já se tinha desligado havia alguns anos, mas continuava na comunicação institucional e marketing, através da empresa “Ferro & Ferro”, da qual era sócio-fundador.

Mário Ferro tinha diferentes formações na área e desempenhou várias funções no país e no estrangeiro. Ele foi chefe da redacção e director interino dos jornais “Notícias” e “Domingo”, presidente do Conselho de Gestão da Sociedade de Notícias da Beira e havia décadas que ele desempenhava as funções de presidente da Associação Moçambicana das Empresas de Publicidade, Marketing e Relações Públicas.

Fora de portas, Ferro chegou a ser presidente da Confederação de Publicidade dos Países de Língua Portuguesa.

Mário Ferro nasceu a 05 de Maio de 1949, na cidade de Maputo.

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