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Manuel Mutimucuio publica “Moçambique com z de zarolho” no Brasil

Moçambique com z de zarolho é o título do segundo livro de Manuel Mutimucuio. Editado no país pela Editorial Fundza, em 2018, a obra literária acaba de ser lançada no Brasil, em Dezembro, pela Dublinense.

Para o escritor, a edição do seu romance no Brasil é algo satisfatório porque amplia as possibilidades de ser lido no estrangeiro, inclusive, por mais leitores. “Sinto-me contente de ver a obra publicada fora de portas, particularmente no Brasil (maior concentração de leitores que lêem em português); dá, igualmente, outra exposição a uma história que pode ter eco em contextos comparáveis ao nosso”, disse Manuel Mutimucuio.

Em geral, Moçambique com z de zarolho é um romance cuja história retrata uma eventual realidade moçambicana. No enredo, na esperança de melhorar a sua posição num cenário capitalista global, o governo moçambicano adopta uma medida extrema e nada consensual: instituir o inglês como idioma oficial e deixar para trás tanto as línguas bantu locais quanto a língua portuguesa. No entanto, essa mudança tão abrupta terá diversos impactos na vida personagens. Por exemplo, em Djassi, político que votou contra a mudança, mas que, a certa altura, vê-se buscando favores dos seus adversários na tentativa de conseguir uma bolsa de estudos para o filho em Londres, Inglaterra; e Hohlo, seu empregado doméstico, que vê todos os seus cambaleantes esforços de ascensão social através do estudo do português serem frustrados de uma hora para outra. Diante desses e outros tragicômicos reflexos da nova lei, ecoa a pergunta: que lugar têm aqueles que não dominam a língua dos poderosos? A pergunta feita na sinopse, agora, também será respondida por leitores brasileiros, tal como a responderam os moçambicanos.

Para Mia Couto, conforme se lê na contra capa do livro, “Manuel Mutimucuio é, sem dúvida, uma das importantes vozes da nova geração de escritores moçambicanos. O seu segundo livro confirma o poder de subversão da sua escrita e a sua capacidade em construir uma história que fala de uma nação que luta para emergir das cinzas e do caos”.

Já para o ensaísta brasileiro Reginaldo Pujol Filho, numa das orelhas do romance, “Moçambique com z de zarolho complexifica noções como ‘lusofonia’ e ajuda a lembrar que somos [os brasileiros] tão (e muitas vezes mais) próximos de Moçambique do que Portugal”.

Manuel Mutimucuio nasceu em Maputo, em 1985, mas passou os seus anos formativos na Cidade da Beira. É Doutor em Governação e Economia Política das Instituições, pela Universidade de Coimbra, Portugal, e actua como consultor internacional de gestão de recursos naturais. A sua literatura está na intersecção entre esses dois mundos e caracteriza-se pela análise social e questionamento do status quo.

Quanto à editora Dublinense, foi fundada em 2009, com o objetivo de se permitir experimentar e navegar livremente por gêneros. Depois de muitas experiências, a editora, actualmente, concentra-se na ficção e não ficção literárias, além de manter uma linha de títulos sobre psicanálise.

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