Em digressão pelo norte e centro do país, o político, académico e edil de Quelimane, Manuel de Araújo, criticou o Governo pela medida de abstenção sobre o conflito entre a Rússia e Ucrânia, considerando uma violação à Constituição da República que estabelece que Moçambique é contra a invasão de um Estado ao outro, defendendo o princípio de soberania.
Para o edil, o X Conselho Coordenador do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação deveria ter emitido um parecer ao Governo, propondo a tomada de posição sobre o conflito russo-ucraniano.
Além disso, Manuel de Araújo criticou a pretensão do Governo, de fazer uma diplomacia económica.
Para o edil, Moçambique ainda não está em condições para tal, ou seja, querendo, o Governo deverá realizar uma reforma nas embaixadas e altos-comissariados, de modo a dotá-los de competência necessária para o efeito, em termos de quadros.
O presidente do Município de Quelimane considera que os embaixadores moçambicanos estão mais voltados para a diplomacia política, decorrente do período da Guerra Fria.
Neste contexto, Manuel de Araújo atacou também o protocolo do Estado, que, segundo o edil, é ainda comunista, típico do regime de “Partido-Estado”, em que o Estado se subordina ao partido (único).
“Quando o Presidente da República visita a província da Zambézia, o primeiro-secretário da Frelimo fica à minha direita. Não pode. Vemos jovens com bandeiras e camisetas da OJM, crianças que deviam estar na escola. Não vemos bandeiras da Renamo, MDM, PDD, PASOMO e outros…quem pagou o avião do Presidente da República, o combustível, somos nós, a Renamo, o MDM, e todos outros”, desabafou o edil.
No prolongamento da sua intervenção, Manuel de Araújo acusou a Renamo de ser antidemocrática, alegadamente por existir membros da comissão política do partido que o pressionam a desviar fundos do município que dirige, com o objectivo de financiar as actividades daquela formação política.
“Estamos a lutar para isso! Para implementar a democracia. Mas cada vez que nós damos uma opinião, aparece alguém a puxar-nos à orelha. Ou aparece um membro da comissão política a dizer que o Araújo não está a tirar fundos do município para reabilitar o edifício do partido. O partido deve emitir um comunicado e distanciar-se deste membro da comissão política, porque está a sujar o partido. Mas não aconteceu. Quer dizer o quê? Que o partido concorda. Será que concorda? Mas não é o que está lá nos livros, no estatuto, então, na reunião do Conselho Nacional, o partido terá de se explicar”, afirmou o edil.
Manuel de Araújo não só criticou o seu partido, como também as outras formações políticas na oposição.
“Se nós formos a ver, os partidos da oposição não formam líderes alternativos. A Renamo não quer líderes alternativos dentro do partido. O MDM não quer, tal como vimos no congresso”, concluiu.