O líder militar da República da Guiné, Mamady Doumbouya, vai candidatar-se às primeiras eleições presidenciais do país desde que tomou o poder num golpe de Estado, em 2021.
O general entregou os seus documentos no Supremo Tribunal na segunda-feira, último dia para apresentar candidaturas nas eleições de 28 de Dezembro, que visam repor a ordem constitucional.
Apesar de ter prometido, quando assumiu o poder, que não se iria candidatar, uma nova Constituição apresentada pela junta militar e aprovada num referendo em Setembro abriu-lhe a possibilidade de o fazer. A nova Constituição substituiu os acordos assinados após o golpe, que impediam os membros do governo militar de se candidatarem. Exige, também, que os candidatos à presidência residam na Guiné e tenham entre 40 e 80 anos.
As Forças Vivas, uma coligação de partidos políticos da oposição e movimentos de cidadãos, denunciaram a decisão de Doumbouya de se candidatar. Sob o seu governo, a junta militar reprimiu a dissidência, incluindo tentativas de mobilizar a população em apoio do regresso à democracia. O governo foi criticado por suspender os veículos de comunicação, restringir o acesso à Internet e reprimir brutalmente as manifestações.
Embora cerca de 10 outros candidatos tenham apresentado as suas candidaturas, dois dos maiores partidos da oposição, o RPG-ARC EN CIEL e o UFDG, foram excluídos da corrida, o que levanta preocupações sobre a sua credibilidade. O Supremo Tribunal vai agora examinar a validade das candidaturas e publicar a lista oficial de candidatos até 13 de Novembro.

