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“Males que Samora queria vencer continuam vivos”, Graça Machel

Foto: O País

Graça Machel, viúva de Samora Machel, diz que todos os males que o primeiro Presidente de Moçambique, Samora Machel, queria vencer ainda continuam vivos. A esposa do malogrado falava da fome, da pobreza e exploração das riquezas de África, para o benefício dos outros.

“Nós ainda temos problemas de fome, nós temos problemas de analfabetismo, os nossos sistemas de saúde ainda não estão, adequadamente, em condições de prover saúde para todos”, disse Graça Machel, tendo acrescentado que “os nossos recursos não são transformados aqui no continente, eles veem buscar, transformam e depois voltam para nos vender”.

Por isso, “mamã” Graça recomendou aos jovens a continuarem com as lutas não só do marechal, mas de tantos outros líderes africanos, que lutaram pela independência de África.

“Há milhões de Samora no continente africano, que devem continuar com essas lutas, esses jovens, devem transformar isso para o bem dos moçambicanos e não só”, rematou.

A viúva de Machel falava à margem da aula inaugural do Colóquio Anual Samora Machel, que arrancou na manhã do neste sábado e foi proferida pelo Professor Patrick Lumumba.

Lumumba acredita que por conta da situação, que a viúva mencionou onde quer que Samora esteja, deve estar chocado e desapontado, pois a paz que sempre lutou, continua “escurecida em África”, continua a exploração do homem, mas desta vez entre irmãos, do mesmo povo.

“Os colonizadores ainda estão aqui e estão vivos, ainda controlam as nossas economias, ainda orientam os nossos destinos, é verdade Samora que nos tornamos independentes, nós vemos um progresso, mas digo-lhe que as coisas que imaginou que fossem acontecer muito rápido, não aconteceram como devia”, disse.

O professor foi ainda mais longe e tocou na “ferida” daqueles que Samora considerava camaradas.

“Os camaradas aqui de Moçambique e de outras partes do mundo, de uma ou de outra forma traíram a sua visão, eles construíram escolas, mas não estão a levar os seus filhos para essas escolas, construíram hospitais, mas não vão para esses hospitais, quando estão doentes”, sublinhou.

Em 1986 Samora Machel, morreu enquanto voltava de uma missão de paz, uma paz que o país ainda não conseguiu alcançar na sua plenitude e segundo o seu filho, Samora Machel Júnior, esse é um desafio, para honrar as lutas do presidente.

“É mais uma luta que temos pela frente na pacificação do país e da região. Temos problemas no nosso país e temos que ser capazes de dialogar e pôr fim a estes conflitos, que temos internamente, porque foi para isso que ele sempre lutou. Pela paz, independência e desenvolvimento”.

Samora Machel Júnior disse ainda que não se devem esquecer os ideais do pai e que é preciso continuar com as visões que Samora deixou, o desenvolvimento das infraestruturas, produção agrícola, pesqueira e mais.

A passagem dos 35 anos da morte de Samora Machel é assinalada com a criação de uma fundação com o nome do primeiro presidente de Moçambique, que estará focada em acções humanitárias e divulgação da vida do Marechal.

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