“A boca”. Nem mais. Eis o título da peça do grupo teatral Makweru, que será exibida na 14ª edição do Festival Internacional Teatro de Inverno (FITI), a decorrer em Maputo até 25 deste mês.
A peça foi estreada no Cine-teatro Gil Vicente, em Maio, numa temporada que antecede a realização da fase final do FITI.
A obra do grupo Makweru, a ser exibida dia 18 deste mês, no Teatro Avenida, investe no retrato da liberdade de expressão, no país, e foi inspirada em dois casos muito mediáticos como foram as mortes de Carlos Cardoso e Gilles Cistac. Sempre com um propósito, conforme assume o actor e encenador do grupo, O Estreante, pseudónimo de Ernesto Langa: “Já que as pessoas nasceram para serem livre, com esta peça tentamos mostrar que podemos alcançar a liberdade, que podemos falar, sem receios”.
Porque a liberdade de expressão é um assunto sério para o grupo, a peça de Makweru tece, igualmente, um cruzamento daquele direito cívico com a democracia. Mas só por isso vale ver a peça? O estreante responde: “Não. Além disso, sendo o teatro uma arte, ao ver-se esta peça entra-se em contacto com técnicas de representação diferentes. Podemos ter vinte mil grupos a representarem o mesmo tema, mas cada espectáculo é um espectáculo e isso é um pretexto para assimilar inovações inspiradas em vários elementos, no nosso caso, da dança contemporânea”. E assim acontece, com Makweru, porque O Estreante entrou para o teatro depois de se ter tornado dançarino.
Nesta participação na 14ª edição do FITI, um dos maiores objectivos do grupo Makweru passa por entrar em contacto com novas formas de fazer teatro, pois as oportunidades de trocar ideias sobre arte a nível nacional é escassa. “Também pela troca de experiências o FITI é importante para nós. Afinal, às quintas-feiras existe o “Papu Cultura”, momento de conversa que nos proporciona boas aprendizagens, por exemplo, quando discutimos sobre peças que são exibidas no Festival e apresentamos sugestões”.
“A boca” tem duração de uma hora, e conta com a representação de oito actores. A ideia do título e do conteúdo da peça também é apropriada da máxima que sugere, por analogia, “o peixe morre pela boca”.