Assinalou-se, hoje, o Dia Mundial de Luta Contra o Suicídio. Só no ano passado, o país registou mais de 4 mil tentativas. Não existem, no entanto, estatísticas sobre as pessoas que chegaram a tirar a própria vida.
Dados do Ministério da Saúde (MISAU) indicam que mais de 4 mil pessoas tentaram suicidar-se em Moçambique, no ano 2021, contra cerca de 3 mil, em 2020. Manica é a província com maior número, seguida da Cidade e Província de Maputo.
O comportamento suicida, muita das vezes, manifesta-se de forma tímida, mas pode terminar em morte quando demorada a intervenção.
Amália Filipe considera-se vencedora, por ter compreendido, depois de algumas tentativas, que tirar a sua própria vida não resolveria os seus problemas. A jovem ainda se lembra dos primeiros sinais que quase a levariam a cometer o acto.
“Eu sentia-me rejeitada, sozinha e comecei a desenvolver a depressão. Por isso, comecei a mutilar-me, de modo a reduzir a dor que sentia. Mas agora entendo que vale a pena viver. Tirar a própria vida não é solução”, contou Amália.
Entre outras razões, segundo o psicólogo clínico Hachino Chagane, a depressão é a principal causa de suicídio.
“Pelas suas características, a depressão esvazia a pessoa, sob ponto de vista da sua relação com os outros. Ela causa perda de interesse e motivação em relação ao futuro e à vida. Chega uma altura em que a pessoa começa a pensar que não vale nada e que é um peso para as pessoas com as quais vive”, explicou Chagane.
A tendência das tentativas de suicídio em Moçambique é crescente, o que constitui uma preocupação para o MISAU.
“Estar divorciado ou separado, não ter um ambiente familiar ou protector, a violência doméstica, entre outros factores sociais, contribuem significativamente para aumentar o risco”, referiu Wilsa Fumo, chefe do Departamento de Saúde Mental do MISAU.
E porque os números são preocupantes, o alerta é que a família se torne mais vigilante.
“Muitas das vezes, a pessoa começa a isolar-se, a não passar as refeições à mesma hora que as outras pessoas, deixa de fazer as coisas que habitualmente fazia, podendo ir ao trabalho irregularmente, deixar de estudar, e começar a descuidar-se”, explicou o psicólogo clínico, Hachino Chagane.
Anualmente, a 10 de Setembro, pessoas de todo o mundo juntam-se para buscar mecanismos de combater o suicídio. Na cidade de Maputo, a data foi marcada por uma marcha.