Segundo dados divulgados pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), são mais de 3600 pessoas que fugiram, em quatro dias, de dois distritos de Cabo Delgado, devido ao recrudescimento dos ataques terroristas naquela província do Norte do país.
De acordo com um relatório do terreno daquela agência das Nações Unidas, “entre 19 e 22 de Setembro de 2025, a escalada de ataques e a insegurança provocada por grupos armados” em Cabo Delgado “desencadearam novos deslocamentos nos distritos de Balama e Mocímboa da Praia”.
Acrescenta que um ataque na aldeia de Monapo, posto de Mavala, distrito de Balama, em 19 de Setembro, “forçou 2121 pessoas a fugirem para a localidade de Ntete”, no mesmo distrito.
Ainda neste período, novos incidentes em Mocímboa da Praia, particularmente nos bairros 30 de Junho e Filipe Nyusi, deslocaram 1185 pessoas, “com a maioria a procurar segurança no distrito de Mueda”.
“Alimentos, abrigo e serviços de protecção foram relatadas como as necessidades mais urgentes”, lê-se no relatório, que totaliza nestes quatro dias 3607 deslocados, equivalente a 831 famílias, incluindo 44 grávidas e 71 idosos.
Populações de Intutupue, Ancuabe e Impiri, Metuge, em Cabo Delgado, relataram momentos de pânico com a passagem por aquelas comunidades de grupos armados de supostos terroristas.
Segundo fontes locais, o movimento começou cerca das 07h00 de quarta-feira, quando um grupo de homens, empunhando catanas e outras armas, atravessou a Estrada Nacional Número 1 (EN1), no limite entre Intutupue, Ancuabe e Impiri, Metuge, para o distrito de Chiúre, criando desespero entre os moradores, que abandonaram as residências receando estes grupos que atuam em Cabo Delgado, província rica em gás, desde 2017.
A província de Cabo Delgado regista um recrudescimento de ataques de grupos rebeldes desde julho, tendo sido alvos os distritos de Chiúre, Muidumbe, Quissanga, Ancuabe, Meluco e mais recentemente Mocímboa da Praia, com registo de vários mortos.