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Mais de 200 pessoas acusadas de traição devido a protesto eleitoral na Tanzânia

Mais de 200 pessoas foram acusadas de traição na Tanzânia, devido aos protestos desencadeados no país depois das eleições gerais de 29 de Outubro, disseram fontes judiciais à agência de notícias France-Presse (AFP).

Na sexta-feira, pelo menos uma centena de pessoas compareceu ao Tribunal de Primeira Instância de Kisutu, na capital Dar es Salaam, segundo anunciou o Ministério Público da Tanzânia.

Mais de 250 pessoas foram acusadas de traição e de conspiração para cometer traição em três casos separados, disse o advogado Peter Kibatala à AFP, à saída do tribunal, na sexta-feira à noite.

Fontes judiciais no tribunal de Kisutu, citadas pela RTP, disseram à AFP que tinham conhecimento de pelo menos 240 acusações.

De acordo com as acusações, vistas pela AFP, a maioria dos arguidos é suspeita de tentar, a 29 de Outubro, “obstruir as eleições gerais [presidenciais e parlamentares] de 2025 de forma a intimidar o poder executivo”.

As manifestações, em alguns casos violentas, eclodiram no dia das eleições e prolongaram-se por três dias em várias cidades do país, tendo sido reprimidas pela polícia com recurso a gás lacrimogéneo e munições reais, enquanto o Governo impôs um recolher obrigatório e interrompeu o acesso à Internet em todo o território.

Pelo menos 150 pessoas morreram em Dar es Salaam durante as mobilizações, confirmaram à agência de notícias EFE, em 31 de Outubro, fontes dos serviços de saúde.

O principal movimento da oposição, o Partido da Democracia e do Progresso (Chadema, em suaíli), acusou as forças de segurança de terem morto até mil pessoas em diferentes pontos do país, detalhou na terça-feira a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW).

A Ordem dos Advogados de Tanganica (Tanzânia continental) confirmou à EFE na quarta-feira que começou a distribuir formulários junto da população para que registem os seus familiares desaparecidos ou alegadamente mortos, face à recusa do Governo em entregar os corpos.

Entretanto, o Chadema denunciou que a Polícia tem estado a recolher cadáveres de hospitais para “apagar provas e estatísticas”.

Também esta semana, o vice-presidente do Chadema, John Heche, que estava detido, foi acusado de terrorismo.

A Presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, foi investida na segunda-feira, para um mandato de cinco anos, depois de a Comissão Eleitoral Nacional Independente a ter declarado, no sábado, vencedora das eleições, com 97,66% dos votos, numa votação em que os dois principais opositores ficaram excluídos.

Hassan acedeu à presidência em 2021, devido à morte repentina do antecessor, John Magufuli, de quem era vice-presidente.

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