O anúncio do Presidente da Rússia de que 300.000 cidadãos na reserva seriam convocados para lutar na Ucrânia provocou alvoroço no país.
Mais de 1.300 pessoas foram detidas em 38 cidades, esta quarta-feira, na Rússia por protestarem contra a mobilização parcial de reservistas anunciada por Vladimir Putin, afirmou hoje na rede social Telegram a organização independente OVD-Info, que rastreia as detenções e já foi declarada “agente estrangeiro” pelas autoridades russas.
Muitos foram presos ao chão ou arrastados pela polícia enquanto gritavam “Não à guerra!” nas ruas, informou a Sky News, citado pela globo.
Segundo a OVD-Info, estas são as maiores manifestações em território russo desde as registadas depois do início da guerra, a 24 de Fevereiro.
A organização de direitos humanos relatou detidos em Moscovo, São Petersburgo, Ecaterimburgo, Perm, Ufa, Krasnoyarsk, Chelyabinsk, Irkutsk, Novosibirsk, Yakutsk, Ulan-Ude, Arkhangelsk, Korolev, Voronezh, Zheleznogorsk, Izhevsk, Tomsk, Salavat, Tyumen, Volgogrado, Petrozavodsk, Samara, Surgut, Smolensk, Belgorod e outras cidades.
Em Ecaterimburgo, a quarta maior cidade russa e em Ecaterimburgo a polícia foi filmada a levar manifestantes que gritavam frases como “não à guerra” e “não à mobilização”.
“Todo mundo tem medo. Sou a favor da paz e não quero ter que disparar. Mas é muito perigoso sair agora, se não haveria muito mais gente”, disse o estudante Vasily Fedorov, que manifestava em São Petersburgo, com um emblema da paz no peito.
Segundo a OVD-Info, citada pelo Notícias ao Minuto, a polícia agiu com violência contra os manifestantes e entre os detidos estão vários jornalistas.
O Ministério Público de Moscovo advertiu de que punirá com até 15 anos de prisão a organização e participação em acções ilegais.
Também será punida administrativa ou criminalmente a difusão de convocatórias para participar em acções ilegais ou para realizar outros atos ilegais nas redes sociais, bem como fazer apelos a menores de idade para participarem em atos ilegais.
De acordo com os últimos dados da OVD-Info, 509 pessoas foram detidas em Moscovo e pelo menos 541 em São Petersburgo, a segunda maior cidade do país.
Na quarta-feira, o Presidente russo declarou que o número de pessoas convocadas para o serviço militar ativo seria determinado pelo Ministério da Defesa, e o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, disse numa entrevista televisiva que 300.000 reservistas com experiência relevante de combate e serviço serão inicialmente mobilizados.
Além da convocação de protestos, a Rússia tem também assistido a um acentuado êxodo de cidadãos desde que Putin ordenou que o exército invadisse a Ucrânia, há quase sete meses.
No discurso que proferiu na quarta-feira ao país, em que anunciou uma mobilização parcial dos reservistas, Vladimir Putin também fez uma ameaça nuclear velada aos inimigos russos do Ocidente.