Passam três anos após o assassinato de Mahamudo Amurane, então edil de Nampula, morto a tiro a 4 de Outubro de 2017. São três anos de um crime ainda sem rosto e sem clareza das suas motivações.
A última aparição pública de Mahamudo Amurane foi justamente nas celebrações do 4 de Outubro. Um Dia da Paz que se transformou em luto e lágrimas para a família Amurane, para Nampula e para o país.
Naquele dia, parecia tudo normal. E sem qualquer desconfiança, o malogrado dispensou a sua segurança e dirigiu-se à sua residência privada, na cidade de Nampula, onde viria a ser morto a tiro. Calava-se, assim, uma das vozes emergentes e sonantes da arena política. Hoje, passam precisamente três anos após a sua morte.
O Ministério Público a nível da província de Nampula abriu um processo que durou um ano na instrução preparatória. Foram ouvidas mais de 70 pessoas nas províncias de Nampula, Niassa e Sofala. E o dedo da Procuradoria aponta para dois homens que estiveram com Amurane pouco antes do assassinato.
O processo foi submetido em finais de Janeiro de 2019 ao Tribunal Judicial da Província de Nampula.
Houve avanços nas investigações do Ministério Público, mas levaram à estagnação do processo, principalmente tendo em conta a morosidade processual que caracteriza o nosso sistema de justiça.
O Tribunal Judicial da província decidiu não levar a julgamento os dois arguidos com o argumento de o Ministério Público não ter apresentado provas suficientes para incriminar os indiciados.
Em contacto com o procurador provincial de Nampula, Cristóvão Mulieca, soubemos que o Ministério Público ficou insatisfeito com a decisão do tribunal, tendo por isso submetido um recurso e está a espera há mais de um ano.
“Decidimos recorrer à instância superior porque não concordamos com a decisão”, disse o procurador, para quem espera que haja uma decisão favorável da instância superior e que haja “uma punição exemplar”.
Amurane perdeu a vida quando faltava um ano e seis dias para o fim do seu mandato como edil de Nampula, onde já tinha anunciado a intenção de se recandidatar em 2018, porém, lembre-se, estava desavindo com o MDM, partido que o fez chegar à edilidade da chamada capital do norte.