O ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural diz que houve muitos avanços no seu pelouro durante o ciclo governativo que termina. Celso Correia diz que há trabalhos que estão a ser feitos para que Moçambique deixe de depender de outros países para ter bens alimentares.
O ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural realizou o seu Conselho Coordenador para avaliar os ganhos que teve no sector. Celso Correia, ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, destacou alguns factores que contribuíram para o pouco sucesso que o seu pelouro teve no ciclo governativo.
“Relembro que, a nível da agricultura, iniciámos a implementação do nosso programa quinquenal com a incidência de choques climáticos severos. Vínhamos do Idai, que já tinha deixado marcas que se fizeram sentir nos anos subsequentes, mas ao longo destes cinco anos destacaram-se negativamente as cheias e inundações do ciclone Elouise, do Guambe, do Freddy, as tempestades Ana e outras mais. Outros factores que determinaram a nossa intervenção e a nossa acção no sector da agricultura foram, naturalmente, o conflito e o ambiente de conflitos que se vive na Ásia e na Europa. Houve um factor determinante durante estes cinco anos, em que praticamente dois deles nós estivemos em casa, com a COVID-19. Não se faz agricultura em casa, faz-se agricultura no campo. Não posso deixar de mencionar o terrorismo na província de Cabo Delgado, que igualmente condicionou em grande maneira o desempenho da agricultura na província”, disse Celso Correia.
Porém, apesar das adversidades, Celso Correia assume que houve muitos aspectos positivos nas actividades do ministério. “Acima dos 5%, fomos recuperando a nossa trajectória, a nossa tendência de crescimento e porque a agricultura representa 25% do PIB a nível nacional, foi o sector da agricultura que contribuiu, também, em grande medida para a retoma do crescimento da nossa economia nacional”, referiu o ministro da Agricultura.
Em termos de progressos, Correia salientou o uso de tecnologias e de fertilizantes melhoradas, no âmbito do projecto Sustenta, que ajudaram a melhorar a vida dos moçambicanos.
“Houve um crescimento de três vezes mais em termos de produção de semente. O aumento do uso de semente certificada, que é uma tecnologia importante para a melhoria da produtividade. O país, há cinco anos, tinha um consumo de semente certificada de 3,7 mil toneladas e agora está com 15 mil toneladas. Igualmente, e a testar este sinal é o uso de fertilizantes, que eram de 108,3 mil toneladas e agora estamos com cerca de 164 mil toneladas de uso de fertilizantes em todo o território nacional”, destacou.
E porque Moçambique tem alguma dependência de importação de produtos alimentares, como os da África do Sul, por exemplo, Celso Correia diz que há avanços que estão a ser feitos para que essa dependência deixe de existir.
O ministro diz que “temos alguma produção nossa também a entrar no mercado da cidade de Maputo, como é o caso do tomate, que vem da Gaza. Temos milho também, temos hortícolas, acima de tudo que entram particularmente no mercado de Zimpeto”. No entanto, de acordo com Celso Correia, “temos de melhorar a nossa competitividade para podermos competir”.
Mas há mais que se faça: “Nós temos de ajudar os produtores a melhorar a qualidade, porque o mercado também determina este exercício, mas é um trabalho gradual. Nós ainda não temos tecnologia suficiente para permitir a produção em estufa, fora da época, e os sul-africanos têm, então quando o clima muda em Moçambique, o abastecimento local desaparece, deixando-nos à mercê do abastecimento externo”, justificou Correia.
Outro factor que foi destacado pelo ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural é o efeito do fenómeno El Niño no país. “Grande parte da agricultura em Moçambique é naturalmente dependente da chuva, depende do nível de chuva, e este ano vamos ter a mudança para o El Niño. Todos os dados que temos em nossa posse indicam que vamos ter boa precipitação, que permite dar a cobertura necessária, em tempos diferentes ao longo do território nacional. Na zona Sul, já começou a chover, conforme podemos testemunhar, e na zona centro e norte o tempo de lançamento da sementeira vai ser um pouco mais tarde”, garante.
E com optimismo, Celso Correia diz que “a expectativa é que na próxima campanha nós possamos ter um bom clima e isto vai ter um impacto positivo na produção”.
O V Conselho Coordenador do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural decorre sob o lema “Agricultura Sustentável, transformando vidas”.