Na tarde desta segunda-feira, no prosseguimento do interrogatório ao réu, o Ministério Público questionou a Fabião Mabunda se conhecia o có-reu Sidónio Sitoe. Mabunda disse que conheceu-o na cadeia. Entretanto, a sua empresa já tinha feito transferências para Sidónio Sitoe em 2013, de acordo com um extracto bancário na posse do Ministério Público.
Fabião Mabunda transferiu 11 milhões e 520 mil meticais a 29 de Agosto de 2013 a Sidónio Sitoe. Quando questionado sobre como fez a transferência para alguém que não conhecia, o réu disse que foi a pedido da co-ré Ângela Leão. “Eu tinha um valor dela em numerário no cofre do meu escritório e preferi fazer a transferência para ela. Não tenho o comprovativo porque quem guardava os documentos era o meu falecido irmão. Ele faleceu em 2014, e era ele quem cuidava da minha contabilidade. Quando fui detido o meu escritório foi encerrado”, justificou Mabunda.
Quando a magistrada do Ministério Público perguntou se o réu tem como ter o documento, através do seu advogado, Mabunda disse que os documentos ficaram ao relento e podem ter-se perdido.
A segunda transferência terá sido feita a 6 de Setembro de 2013, um dia depois de Mabunda ter recebido a segunda tranche da Privinvest.
Após uma certa insistência do Tribunal, o réu Fabião Mabunda disse ao Juiz Efigénio Baptista que os documentos que provam a recepção do valor em numerário, já não existem.
Ana Sheila Marrengula fez a leitura das declarações de Fabião Salvador Mabunda na Procuradoria-Geral da República, que mostram contradição quanto à relação que o réu tinha, à data dos factos com o co-réu Sidónio Sitoe. Mabunda disse que não reconhece as declarações que fez na PGR e diz que poderá ter feito as mesmas sob pressão.
“O Procurador me ameaçou e disse que a minha esposa podia ser constituída arguida. Porque transferi um valor para ela, para as despesas de casa. Um homem que se preze faz de tudo para defender a sua família”, argumentou o réu.
Sidónio Sitoe deverá ser ouvido na sexta-feira, 17 de Setembro, de acordo com o calendário do julgamento.
O Ministério Público confrontou Mabunda com um documento onde vêm descritas as transferências que fez a vários empreiteiros moçambicanos, no interesse de Ângela Leão. Entretanto, o réu diz que não se recorda de ter produzido um documento, onde vem descrito como gastou o valor recebido da Privinvest.
“Eu não usei o valor da Privinvest para fazer pagamentos. Usei o valor que tinha em numerário da Ângela Leão”, reiterou Mabunda.
Mesmo diante de provas materiais que indicam o recebimento, levantamentos e transferências na sua conta bancária, o réu diz que é inocente.
Perguntado sobre a relação que tem com co-réu Khessaujee Pulchand, Mabunda diz que estudaram na mesma faculdade, mas nunca tiveram nenhuma relação. Entretanto, Mabunda confirma a emissão de cheques a favor de Khessaujee Pulchand e diz que foi sob orientação do dono da casa de câmbios.
O réu, que está a ser ouvido desde a manhã desta segunda-feira, confirma, igualmente, transferências de valores para a conta de Mbanda Henning, irmã de Ângela Leão, a pedido da co-ré.
Ao Ministério Público, Fabião Mabunda garantiu que tinha contratos assinados com Ângela Leão, entretanto “não consigo apresentar o contrato agora”, respondeu.
Fabião Mabunda disse igualmente, que recebeu vários valores em numerário de Ângela Leão e por isso não sabe precisar quanto dinheiro recebeu no total.
Ao todo foram 140 questões colocadas pelo Ministério Público num interrogatório, que durou pouco mais de nove horas.