O País – A verdade como notícia

M-pesa ligado a todos os outros operadores financeiros em breve

Foto: O País

O director do M-pesa, Sérgio Gomes, revelou, hoje, que estão em curso os últimos acertos para que, em algumas semanas, a plataforma M-pesa esteja ligada a todas outras. Isto vai implicar que, a partir do M-pesa, passará a ser possível transferir dinheiro de e para todos os bancos e carteiras móveis do país.

Hoje foi o segundo e último dia da décima edição da feira Moztech. Uma vez mais, havia de tudo a que os participantes têm direito: exposições, espaço para parcerias e negócios e debates. Para o último dia, o primeiro painel começou por volta das 09 horas.

O painel era sobre os desafios de segurança nos serviços financeiros. Mas, mais do que desafios, o M-pesa deu uma boa nova. É que, em algumas semanas, os mais de dez milhões de usuários da plataforma poderão fazer transacções com clientes de todos os bancos da SimoRede, que são, na verdade, quase todos os bancos.

“É, na verdade, uma obrigatoriedade estabelecida pelo Banco de Moçambique, de que todos os serviços financeiros devem estar integrados dentro da SimoRede, e é a partir daí que nós garantimos a interoperabilidade com todas as redes”, explicou.

Mas aí mora um novo desafio no que tange à segurança cibernética, controlo de dados e riscos de operações fraudulentas “por causa da complexidade”. Segundo Gomes, “uma coisa é a protecção do ambiente cibernético” dos seus próprios sistemas do qual têm “total controlo” e, outra coisa, completamente diferente, é falar sobre que se está integrado; aí passa-se a ter a “complexidade das transacções” com estas instituições. Ou seja, “deixa de ser um ambiente que nós controlamos e passa a ser um ambiente em que nós participamos”. E não falta ideia de como colmatar isso, que é “fazendo aliança”.

E essa é uma questão que já tinha sido estudada pela Deloitte, que explicou que a complexidade na segurança dos serviços financeiros na era digital não reside apenas na interoperabilidade, quanto menos num provedor.

“A questão da cibersegurança não pode ser vista como sendo interna das empresas do sector financeiro. É preciso pensar naquilo que é todo o ecossistema que impacta a operação da instituição financeira e procurar, no âmbito das parcerias que são firmadas, assegurar que o quadro de gestão de riscos da instituição financeira é, de certa forma, replicado ao longo do ecossistema, isto porque um ataque a um fornecedor vital para o banco afecta também as operações do banco”, explicou Inácio Neves, em representação da Deloitte, consultora em diversas áreas, presente em quase todo o mundo.

E foi a segurança que mais preocupou os vários participantes que se fizeram, na manhã desta quinta-feira, à Arena 3D. Interessava saber quão seguro está o seu dinheiro guardado na carteira móvel. Em concreto, a preocupação tem a ver com as famigeradas mensagens que são enviadas para que os usuários transfiram dinheiro. A ideia era saber se os dados não estariam expostos a esses malfeitores.

Sérgio Gomes, em resposta, deu uma garantia e uma explicação de como, afinal, funciona o esquema de burlas por M-pesa. “Os dados não estão a ser passados, não estão disponíveis. Aquilo que é o método comum para estas operações é atirar para um conjunto de números sem nenhuma identificação do receptor, porque mesmo eu recebo essas mensagens. Os dados dos nossos clientes estão todos encriptados”, assegurou o gestor.

Mas, para a Deloitte, que é consultora em várias áreas, incluindo cibersegurança, a protecção não termina aí. “Existe uma questão pessoal do usuário”, daí que, para ele, “é importante que as pessoas sejam educadas e capacitadas para que tenham noção de protecção social. Isso deve ser feito pelo regulador, Estado e todos na sociedade”, disse Inácio Neves.

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos