A Cooperativa Luana Semeia Sorrisos expõe de hoje a 26 deste mês, no auditório do BCI, em Maputo, objectos de arte feitos com base em garrafas e outro material reciclado. O valor das vendas será revertido para a sustentabilidade da instituição.
À entrada do auditório do BCI, em Maputo, o visitante olha atentamente para os lados, vê garrafas reaproveitadas, dadas vida, cor, forma e sorri…mas não são só garrafas recicladas. Há vários outros objectos tidos sem valor que com o toque e amor de mãe, transformaram-se em belíssimas obras de arte. Chama-se exposição Reinclusão da Cooperativa Luana Semeia Sorrisos que está patente desde hoje até dia 26 deste mês.
Mais do que uma simples exposição, a iniciativa visa criar uma fonte de renda para as 40 mães de crianças com necessidades especiais. “Olhando para as mulheres que estão a trabalhar neste projecto, são mães de filhos com deficiência. São um segmento da sociedade que, diariamente, são marginalizadas, não têm emprego e acusadas por terem uma criança naquela condição”, contextualizou Benilde Mourana, directora da Cooperativa Luana Semeia Sorrisos, acrescentando que a ideia é dar uma componente económica às mulheres e “que a mesma vai, de certa forma, apoiar as crianças. Assim atingimos não só a mulher, mas também seus filhos”.
As obras de arte foram resultado de muito trabalho mas mães artistas, mas tudo valeu a oena porque a ideia era mostrar ao mundo que o facto de terem filhos com deficiência não os torna menos mulheres.
“Eu me sinto lisonjeada porque muita gente está a gostar e podemos constatar que a nossa produção foi um sucesso. Trabalhamos muito para ter mais coisas bonitas como forma de mostrar ao mundo que somos mães de filhos com necessidades especiais, mas temos uma outra parte ainda mulher”, descreveu Márcia Natércia, uma das mães que fez as obras de arte.
Além de ser uma fonte de renda, a exposição tem uma componente ambiental porque os objectos de artes são feitos com base no que é tido como lixo. “O que estamos a fazer também é tentar diminuir a quantidade de garrafas que é jogada para o lixo. Se vocês (jornalistas) forem a ver, tudo que é garrafa reaproveitamos e fizemos artigos que podem ser utilizados diariamente”, destacou Benilde Mourana.
E os ambientalistas agradecem e acrescentam que a sociedade deve acarinhar iniciativas que façam “o bem” para o meio ambiente.
“Nesta exposição há uma mensagem muito forte que lixo não é lixo e que lixo é recurso que nós muitas vezes subestimamos este potencial que os resíduos têm de geração de renda e emprego” referiu o ambientalista Carlos Serra Júnior, apelando para um investimento certo e a união de todos parceiros “para que possamos gerar ainda mais sustentabilidade”.
O valor da compra dos objectos de arte será revertido para a cooperativa com vista a custear as despesas de saúde das crianças com deficiência dentro e fora do país.