Sem jogos de controlo, nem competições internas, o Ferroviário da Beira pagou o preço da falta de ritmo e acabou afastado da fase final da Liga Africana de Basquetebol, que terá lugar em Kigali, Ruanda, em Maio próximo. Na Conferência Sahara, os “locomotivas” de Chiveve perderam o último jogo, terminaram em quinto lugar e viram o REG conquistar a fase.
Quando o Ferroviário da Beira disputou a fase regular da Liga Africana de Basquetebol, na vizinha África do Sul, acabava de disputar a fase nacional de qualificação à maior prova da bola ao cesto organizado pela FIBA-Africa em parceria com a NBA.
Qualificado para a fase das Conferências, onde calhou no Sahara, que teve lugar em Dakar, no Senegal, esperava-se que o ritmo competitivo aumentasse e que as provas internas pudessem ajudar o representante moçambicano a estar melhor preparado para a prova.
A Federação Moçambicana de Basquetebol ainda marcou o campeonato nacional, que devia ter tido lugar em Janeiro e Fevereiro, adiado devido a problemas logísticos para iniciar em Fevereiro e terminar em Março.
Mas, alegadamente porque iria comprometer a participação do Ferroviário da Beira na Rota da BAL, o organismo dirigido por Roque Sebastião voltou a adiar a prova, agora para iniciar na próxima terça-feira, na capital do país.
Uma medida que, mais do que ajudar, prejudicou o Ferroviário da Beira, que acabou por ficar sem nenhuma competição que conferisse ritmo competitivo e entrosamento entre os atletas nacionais e os estrangeiros contratados para reforçar a equipa de Luis Hernandez.
O facto de o representante moçambicano na Rota da Basketball Africa League (BAL) estar sediado na cidade da Beira, capital de Sofala, foi outro calcanhar de Aquiles, uma vez que a província, no seu todo, não tem equipas fortemente preparadas para “treinar” o Ferroviário local, o que, de certa forma, prejudicou a equipa, contrariamente se estivesse na capital do país, onde podia ter realizado alguns jogos de controlo com outras equipas melhor cotadas, casos do Ferroviário de Maputo, Costa do Sol, A Politécnica, Desportivo e Maxaquene.
DESAIRES ATRÁS DE DESAIRES
Quando chegou a Dakar e com falta de ritmo, o Ferroviário da Beira, que até foi com ambições elevadas de terminar num dos primeiros quatro lugares que dão acesso à fase final da BAL, tinha que se garantir através dos cinco jogadores estrangeiros contratados, mas a falta de entrosamento com os nacionais veio ao de cima.
Uma derrota na estreia, diante do US Monastir, por 71-77, ainda podia entender-se, pelo facto de a equipa ter estado nervosa em momentos cruciais do jogo. Depois, seguiu-se uma vitória importante para as contas, diante do Dakar Université Club, equipa da casa, que ainda deu esperança aos moçambicanos. Jermelle Kennedy e William Perry foram as melhores unidades dos “locomotivas” da Beira, bem apoiados por Ayad Munguambe.
No entanto, foi de pouca dura porque, com adversários mais bem cotados, e com ritmo elevado de competitividade, a turma de Luis Hernandez voltou a vergar nos três jogos seguidos. 84-95 diante do AS Salé e 74-90 frente ao Seydou Legacy comprometeram as aspirações de qualificação.
Ainda havia um jogo decisivo, diante do Rwanda Energy Group, que se equipou a contento, encheu-se de energia suficiente para descarrilar a “locomotiva” bem perto da estação da BAL. Uma derrota final por cinco pontos de diferença (89-94) que acabaram com todas as possibilidades de qualificação, terminando na quinta posição, com seis pontos, atrás do Seydou Legacy, que teve sete pontos.
A participação do Ferroviário da Beira na fase final da BAL foi impedida por apenas uma vitória, ou seja, com duas vitórias, a equipa de Chiveve estaria a festejar a sua participação na maior festa de basquetebol africano de clubes, em masculinos.
JERMELLE E PERRY OS MELHORES DOS “LOCOMOTIVAS”
No que à participação individual diz respeito, os estrangeiros foram os melhores. Jermelle Kennedy foi o que mais minutos esteve na quadra, com uma média de 35.7 minutos por jogo, foi o melhor marcador da equipa, com média de 15.6 pontos por jogo, o melhor assistente, com 6.4 assistências por jogo, e o melhor ressaltador, com uma média de 5.6 ressaltos defensivos.
Em quase todos os itens, William Perry segue o canadiano com média de 33 minutos por jogo, 14.2 pontos por jogo e 4.8 assistências por jogo.
Helton Ubisse foi o melhor da turma moçambicana nos ressaltos ofensivos, tendo ganho, em média, três ressaltos por jogo.
Hilário Malale foi o jogador menos utilizado por Luis Hernandez, tendo feito apenas três minutos em toda a competição, mesmo tendo aproveitado para marcar seis pontos.
Orlando Novela foi a unidade que menos contributo deu à equipa, sendo o único que não apontou nenhum ponto em toda a competição, embora tenha tido uma média de 2.5 minutos por jogo.
RESULTADOS VERIFICADOS
Dakar Université Club 70-85 Seydou Legacy Athlétique
Rwanda Energy Group 91-87 Association Sportive de Salé
Union Sportive Monastir 77-71 Ferroviário da Beira
Seydou Legacy Athlétique 55-76 Union Sportive Monastir
Ferroviário da Beira 98-92 Dakar Université Club
Rwanda Energy Group 83-81 Seydou Legacy Athlétique
Association Sportive de Salé 95-84 Ferroviário da Beira
Association Sportive de Salé 90-96 Union Sportive Monastir
Dakar Université Club 92-86 Rwanda Energy Group
Seydou Legacy Athlétique 90-74 Ferroviário da Beira
Union Sportive Monastirienne 74-62 Dakar Université Club
Rwanda Energy Group 77-74 Union Sportive Monastir
Association Sportive de Salé 91-81 Seydou Legacy Athlétique
Ferroviário da Beira 89-94 Rwanda Energy Group
Dakar Université Club 86-91 Association Sportive de Salé