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Laulane terá um novo mercado nos próximos dois anos

Foto: O País

O Município de Maputo está a construir, de raiz, um mercado convencional no antigo centro emissor de Laulane. A infraestrutura vai acolher parte dos cerca de quatro mil informais que desenvolviam as suas actividades nos passeios e ruas da Baixa da cidade.

Em Março de 2020, o Município de Maputo iniciou uma campanha de retirada compulsiva dos vendedores informais nos passeios da zona comercial da capital do país, no âmbito da reestruturação dos mercados.

Segundo a Edilidade, os comerciantes deveriam ocupar mercados disponíveis em alguns bairros, com destaque para este com bancas feitas de estacas e zinco, no recinto do antigo emissor de Laulane, no bairro com mesmo nome.

Mas, devido a falta de condições mínimas, os informais não aderiram a iniciativa.

Muitos foram para reconhecer o local, mas reprovaram-no pois acusavam o Município de Maputo abandona-los.

“Não tinha bancas, era um espaço apenas e diziam para nos mudarmos para lá. Isso não é justo. Para mim, primeiro deviam criar condições de lá ter um terminal de transporte ou coisa parecida, pois nós trabalhamos com pessoas”, desabafou Manuel Macamo, um dos cerca de quatro mil vendedores informais que pratica a sua actividade na baixa da cidade.

Ele conta que são muitos que “rejeitaram” a proposta que, para além da falta de condições de trabalho, reclamam da falta de clientela.

“Por falta de clientes e condições preferimos voltar aqui para baixa, onde já conhecemos e temos clientes. Trabalhamos mal, em condições perigosas, mas aqui conseguimos fazer o nosso negócio”, explicou Dilánio Baptista.

Dessa lista, houve quem até tentou lá se instalar, mas de tantas barreiras, acabou desistindo e voltando para as ruas da baixa.

“Eu até tinha banca lá. Era número 186. Num belo dia, fomos para lá e disseram que já não tínhamos espaço. Insisti e disseram que tínhamos que pagar um certo valor para poder ter acesso ao mercado. Noutro dia encontramos agentes da PRM a bloquear as entradas, impedindo a nossa entrada. Daí desisti”, desabafou a vendedeira Celeste Culhe, que revelou a “O País” que é comerciante na baixa há 9 anos.

Para responder a preocupação dos vendedores, três anos depois, a Edilidade de Maputo está a construir um mercado de raiz.

As obras estão orçadas em cerca de 750 milhões de Meticais, provenientes dos cofres do Município de Maputo e vão durar dois anos, segundo indica esta placa, que não apresenta a data de início das obras.

Naquele espaço está prevista ainda a construção de um terminal de transporte público, balneários públicos e outras infraestruturas comerciais.

A nossa equipa não teve acesso ao interior do local onde decorrem as obras, mas sabemos que as obras estão paralisadas há alguns meses, devido a falta de pagamentos por parte do dono da obra, o Município de Maputo.

Buscamos reacção da edilidade, mas esta não se mostrou disponivel para falar.

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