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Lançada pesquisa sísmica em 3D no delta do Zambeze

O Instituto Nacional de Petróleos (INP) e a empresa francesa Compagnie Générale de Géophysique (CGG) lançaram, ontem, o início da campanha de pesquisa sísmica em 3D, no delta do Zambeze, Centro de Moçambique. Trata-se de uma primeira acção para verificar as características do solo e buscar informações sobre a ocorrência de petróleo ou gás naquela área, caminho que conduz a investimentos na pesquisa desses mesmos recursos, além de permitir a definição de políticas e estratégias para a eventual exploração comercial desses recursos. 

“A aquisição de dados sísmicos 3D no delta do Zambeze permitirá maior conhecimento do potencial de hidrocarbonetos, contribuindo para que as companhias com contratos de concessão para pesquisa e produção de petróleo sejam munidas de dados fiáveis sobre o seu potencial petrolífero”, explicou a ministra dos Recursos Minerais e Energia, Letícia Klemens, num evento que atraiu parte dos representantes das empresas petrolíferas que operam na Bacia do Rovuma e de instituições públicas e privadas nacionais, incluindo o sector privado.

Os trabalhos de pesquisa sísmica deverão começar dentro de dias. No processo, a francesa CGG trabalhará em parceria com a empresa moçambicana Oil & gas serviços, que estabeleceu parceria com o Grupo Leonardo, da Itália. Trata-se de parcerias que pretendem criar uma simbiose que deve resultar na transferência de conhecimento tecnológico, criando um capital humano preparado para servir a aquisição, processamento e interpretação de dados.

Além disso, a ministra revelou que Moçambique espera que, durante o período de vigência do contrato, a CGG não perca foco no conteúdo local e trabalhe em colaboração com empresas locais, enfatizando a necessidade do respeito pela legislação vigente no país, sobretudo no que diz respeito à protecção ambiental, de modo a garantir a sustentabilidade e coexistência com outras actividades económicas desenvolvidas nas áreas em que a aquisição sísmica irá ocorrer. Este apelo foi reforçado pelo Presidente do Conselho de Administração do Instituto Nacional de Petróleos (INP), Carlos Zacarias, segundo o qual “o nosso último apelo é para que todos os intervenientes, incluindo as companhias de petróleo, possam incluir a participação de empresas nacionais, o que irá maximizar os ganhos do país”.

De acordo com Carlos Zacarias, “nos últimos 10 anos, não tínhamos nenhuma informação sísmica 3D, mas desde 2008 e 2009, passámos de zero km2 de sísmica 3D para mais de 40 000 km2, portanto, este é um grande marco que assinalamos”.

Depois da aquisição dos 40 000 km² ‘offshore’ no delta do Zambeze, a CGG vai alocar um navio ao local que deverá iniciar os trabalhos de pesquisa de dados em meados de Outubro (daqui a alguns dias), uma tarefa que obrigará a implantação de 14 flâmulas Sercel Sentinel, cada uma com 8 850 metros de comprimento, visando o registo de dados sísmicos.

Depois deste processo, a CGG vai disponibilizar ao Instituto Nacional de Petróleos (INP) dados que incluirão: Sísmica – migração de tempo de pressão e imagem de profundidade regional completa; processamento e interpretação de dados sísmicos, gravitacionais e magnéticos; integração de todos os poços disponíveis, infiltrações e dados geológicos; e geração de novos estudos geológicos.

Intervieram, na ocasião, os parceiros do projecto. A Itália foi representada pelo embaixador, Marco Conticelli, que revelou a disponibilidade do seu país em estar presente nos projectos energéticos de Moçambique, a exemplo da multinacional ENI, que em Junho aprovou investimentos na plataforma de liquefacção de gás na bacia do Rovuma (área 4). Para Conticelli, o projecto da ENI no Rovuma não é importante apenas pelo valor, é também importante porque, de facto, 60% do investimento foi coberto pelo financiamento internacional, não obstante a situação da dívida pública de Moçambique, “o que significa que há confiança no futuro deste país. Ideias e projectos certos permitem conseguir dinheiro para investir”.

O diplomata manifestou satisfação também com o clima de paz e recuperação da estabilidade económica. “O evento de hoje também coincide com uma conjuntura económica favorável, um momento em que há fortes expectativas de paz, estabilidade e crescimento… confiamos no empenho do Governo, porque este novo clima positivo pode consolidar-se e prevalecer, criando as melhores condições para o vosso trabalho em benefício de nossos países”, concluiu.

A França foi representada por Christophe Bernini, da CGG, e pelo embaixador, Breno Clere, cuja intervenção esteve na mesma linha da do embaixador da Itália. “A França ainda pode ser, no futuro, um parceiro referencial para Moçambique neste sector estratégico… as empresas francesas acompanham o desenvolvimento de projectos energéticos em Moçambique, em vários segmentos, com a presença de grandes nomes da nossa indústria…”, enfatizou.

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