Na sua última visita a Manica, o Presidente da República inaugurou, na cidade de Chimoio, um condomínio de 12 residências para magistrados judiciais. O objectivo, segundo avançou na ocasião, era conferir maior dignidade e segurança aos juízes. Nyusi enfatizou a necessidade de os juízes não tolerarem ou minimizarem casos de roubo, que são frequentes na província de Manica e não só.
“Ficam premiados os ladrões. Lógico, não estou aqui a dizer que basta suspeitar de alguém, logo é essa pessoa que roubou; não é isso. Mas se é em flagrante – às vezes, até, as pessoas são confessas – o julgador deve saber qual é o impacto do furto de uma bicicleta”, alertou Nyusi.
Não tardou para que, oito meses depois, o teste de roubo acontecesse na própria casa dos juízes ora desafiados pelo Presidente da República a aplicar a moldura penal que desencoraja casos de roubo.
Dois indivíduos introduziram-se no interior de três residências de magistrados onde se apoderaram de dinheiro, electrodomésticos, telemóveis, impressoras e computadores.
A Polícia apresentou-os à imprensa esta segunda-feira. Os mesmos dizem ter-se introduzido no interior das residências após constatarem fragilidades no sistema de segurança. Um dos suspeitos disse que recebeu o “convite” para roubar de um amigo seu que faz serviços de táxi na cidade de Chimoio.
“Ele foi lá deixar arroz em casa de um dos juízes. Veio dizer-me que é fácil roubar e voltamos mesmo já à noite e conseguimos tirar plasmas, telefones, computadores e impressoras”, contou.
O condomínio dos magistrados é protegido por elementos da Polícia, fortemente armados. Mouzinho Manasse, chefe do Departamento das Relações Públicas no comando provincial da PRM em Manica, admitiu ter havido negligência por parte dos seus colegas escalados naquele dia.
“Estavam lá escalados os membros da PRM. Há suspeita que tenha havido uma negligência. Para tal, foi constituída uma equipa de inquérito que vai averiguar esta situação”, explicou Mouzinho, referindo que, a ser provado que houve negligência, serão instaurados, em simultâneo, processos-crime e disciplinar.
O roubo no condomínio de juízes vem reacender o debate sobre a segurança dos magistrados que, na sua actuação, tomam decisões que colocam em risco a sua integridade física.