Juvenal Bucuane tem um encontro marcado com os leitores e apreciadores da literatura moçambicana. O compromisso está para 18 horas do próximo dia 11, quinta-feira, no Auditório-sede do BCI, na cidade de Maputo. O pretexto para o efeito é Meu mar, título da sua mais recente obra literária, constituída por uma centena de páginas.
Meu mar é uma colectânea de poesia, a qual contém textos publicados noutros cinco livros, dos sete deste género que Juvenal Bucuane já levou às prateleiras das livrarias. Ao compilar poemas dos livros já lançados, Bucuane preocupou-se com os mais românticos, aqueles que melhor expressam o amor e a admiração pela mulher. Aliás, no seu todo, Meu mar dedica-se à esposa do poeta e escritor, Ana Maria, quem completa mais um aniversário a 13 deste mês, isto é, dois dias depois da cerimónia de lançamento do livro.
“Sei que, normalmente, não se fazem ofertas de presente na véspera do aniversário, mas um livro não é um bolo, por isso não vejo problemas de entregar esta singela homenagem à minha esposa dias antes dos anos dela. Até porque a data da cerimónia de lançamento não depende muito de mim, mas da disponibilidade do editor e do local onde pretendemos apresentar o livro. O que me coube fazer foi tentar encontrar uma data de lançamento mais próxima do aniversário da minha esposa. Calhou 11”.
Este grande tributo à esposa de Juvenal Bucuane, um dos fundadores da revista Charrua, acontece 43 anos depois do casal ter-se juntado, união que se traduz em três filhos e netos. “Sempre tivemos boa convivência ao longo desses anos todos e, sinceramente, admiro a forma como ela encara a nossa vida, a nossa união, e como me trata como marido e amigo. Então, esta homenagem em livro não é forçada. Antes pelo contrário, é algo que ponderei com muita calma”.
Logo se nota. O mar de Juvenal Bucuane é a sua mulher Ana Maria. Mas desengane-se quem julgar que o título do livro dedicado à esposa é algo recente. Longe disso. Há um ou dois anos, Juvenal Bucuane escreveu um poema para esposa, o qual não fez parte de qualquer livro. Ficou guardado. Talvez numa gaveta cheia de papéis… ou de outras coisas, que agora já ninguém enche gavetas com papel. Quando decidiu intitular o novo livro, lembrou-se do poema “Meu mar”. E convenceu-se que essas duas palavrinhas, entre o ego e a paixão traduziam em absoluto o que exprime em verso lírico, livre, indiferente ao esquema rimático.
Estando o amor de Juvenal Bucuane no ar, e, obviamente, nas páginas da obra publicada sob a chancela da editora Cavalo do Mar, há sempre alguma pretensão do autor. Que não a esconde: “Espero que este livro tenha um grande impacto nos leitores. Sei que há pessoas que não conseguem levar os seus relacionamentos além de poucos anos.
Por diversas razões que não interessam aqui apontar. Por isso, pretendo sugerir caminhos àqueles que têm relações estáveis, de modo que saibam sempre contornar problemas no seu lar, com diálogo, inclusive sem receio de adquirir conselhos dos filhos. Penso que esta opção literária pode inspirar muita gente”. Bucuane fez uma breve pausa. Do outro lado da linha, ouviu-se uma tosse duplicada.
Dessas que aparecem para manter o ar poético dos amigos da palavra. Depois de se recompor, sublinhou: “A minha pretensão também é fazer com que as pessoas compreendam que as relações conjugais só valem a pena se forem tratadas de forma especial”.
Meu mar será apresentado pelo professor universitário Aurélio Cuna, quem já prefaciou e apresentou cinco livros do autor. Juvenal Bucuane escolheu o académico por ser uma pessoa que conhece bem, o que é recíproco no domínio da produção literária. “Poderia ser Nataniel Ngomane ou Almiro Lobo a apresentá-lo, mas, mais uma vez, julguei que Aurélio Cuna é a pessoa certa. Por ser um estudioso das minhas obras, julguei que não seria difícil para ele trabalhar este Meu mar. Ele tem sido meu recurso”.
Então pronto. O encontro está mesmo marcado. O resto fica para a sede do BCI, daqui a uma semana.