Jovens moçambicanos são chamados a activar o “empreendedorismo político” e ter maior participação nas tomadas de decisões sobre a governação do país. Os oradores do segundo painel do Mozefo Young Leaders apontaram que os jovens não estão a exercer na plenitude os seus direitos.
Com tema: “Da conquista dos direitos ao exercício da cidadania”, o primeiro painel do Mozefo Young Leaders que arrancou esta segunda-feira, falou dos desafios da juventude moçambicana num contexto de integração socioeconómica a nível global.
O activista Osman Cossing defendeu que os jovens devem ser mais proactivos e activarem o “empreendedorismo político” e ter maior participação na vida política, para que não sejam excluídos dos processos de desenvolvimento do país.
A fraca participação nos órgãos de decisões dos destinos do país é bem patente na distribuição dos 250 assentos da Assembleia da República (AR) e várias Assembleias Provinciais.
“Nos últimos três mandatos, por exemplo, os jovens passaram de 46 para 40 e hoje temos apenas 17 jovens na nossa Assembleia da República. Quer dizer, num universo de 250 deputados apenas temos 17 jovens e esta mesma análise pode-se fazer para níveis mais locais como Assembleias Provinciais onde num universo de pelo menos 630 temos apenas 60 ou 62 jovens. Isso é um grande desafio”, apontou Osman Cossing.
Por sua vez, a procuradora Nélia Correia defendeu que Moçambique deve aproveitar o facto de ser um país jovem para aprimorar o exercício da cidadania e colocar os jovens na linha da frente no que toca ao desenvolvimento do país.
E mais, Correia deixou ficar algumas críticas às políticas públicas, em particular, as de emprego.
“Eu vejo que o jovem é sempre tratado na terceira pessoa, como se fosse alguém que socialmente já está enquadrado. Eu quero abrir um negócio, estamos sempre aí a ouvir falar de empreendedorismo jovem…no entanto, qualquer jovem que saia de qualquer bairro e vai bater a porta do banco primeiro obstáculo em que ele se depara é o facto de ser jovem, não oferece credibilidade, não têm garantias, se calhar a formação que ele tem não é muito boa e depois dizem que existe a IPEME…existe sim senhora, mas quantos jovens conhecem a IPEME? Nós não temos planos bonificados para os jovens, não temos plano bonificado para facilitar o acesso à habitação, não temos planos bonificados para permitir que esses jovens se tornem empresários e acesso ao autoemprego”, indicou Nélia Correia, acrescentando, que esta camada social deve ser vista como o presente e não o futuro do país.
Na mesma linha de pensamento, a jurista e oficial do Alto-comissariado das Nações para os direitos humanos em Moçambique Unidas, Ivete Mafundza, indicou que é preciso promover os direitos humanos, observando, contudo, os tratados ou convenções internacionais.
“É olhar para todos tratados internacionais que Moçambique é parte. Dos nove tratados mais ou menos sete Moçambique ratificou. Isso exige que o país defenda esses direitos e nós apoiamos ao Estado moçambicano para que possa proteger esses mesmos direitos”, explicou Ivete Mafundza.
Da política aos direitos humanos, a oficial de programas para cultura na Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (UNESCO), Ofélia da Silva, apontou a falta de conhecimento dos jovens como lacuna para o exercício da cidadania em Moçambique.
“Há um problema de diálogo, advocacia, conhecer os próprios programas, obrigações do Ministério da Cultura para os jovens”, referiu a oficial de programas para cultura na UNESCO.
Os oradores do segundo painel da terceira edição do Mozefo Young Leaders apontaram que os jovens não estão a exercer na plenitude os seus direitos.