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José Mandra defende visão cientifica na acção policial

O reitor da Acipol José Mandra disse que a actividade policial na actualidade não depende apenas da experiência acumulada mas de um conhecimento científico que deve ser apropriado pelos agentes. Mandra falava durante a cerimónia de abertura do Ano académico na academia de ciências policiais em Maputo.

“Desafios do Ensino Superior em Moçambique” foi o tema escolhido para a abertura do ano académico 2019, pela Academia de Ciências Policiais (ACIPOL), cujo palestrante foi Professor Dr. Carlos Machile, antigo Reitor da agora extinta Universidade Pedagógica de Moçambique.

A escolha do tema por aquela instituição de formação de oficiais da polícia foi justificada pelo seu reitor, pela necessidade de tornar a ACIPOL uma academia moderna, de qualidade reconhecida no país, na região e no mundo, em matérias de formação e pesquisa em Ciências Policiais.

Falando na ocasião José Mandra, que também é antigo vice ministro do interior, disse que as abordagens actuais de educação em Moçambique apontam para novas exigências da actuação docente-estudante no Ensino Superior, daí a necessidade de reflectir-se sobre a trajectória da  ACIPOL.

“Nos dias que correm, a actividade policial não depende somente do conhecimento acumulado pela experiência, ela é uma actividade autêntica ao serviço da Ordem e Segurança Públicas, assim, os modelos actuais de intervenção policial requerem uma preparação científica e técnico-profissional dos agentes  da Polícia. Todavia, essa preparação não se pode alcançar sem um investimento efectivo e contínuo da capacidade institucional,  especialmente no corpo de docentes da  investigação, no melhoramento dos aspectos  organizacionais e legislativos”, explicou citado pelo Semanário do Agente o jornal semanal do comando geral da Policia.

Por seu turno o palestrante convidado, Carlos Machile começou a sua intervenção, lançando duras críticas ao modelo actual do ensino em Moçambique. Na sua ótica o Ensino Superior no país tornou-se banal, onde o estudante sai sem habilidades técnicas, nem capacidade de se reinventar para o mercado do trabalho.

“Os académicos em Moçambique não são muito escutados, pois quando falam irritam quem toma decisões, por isso o que acontece no fim do dia é que o Governo finge que paga bem aos docentes e, por sua vez, os professores fingem que ensinam bem aos alunos”. Sublinhou.

Machile defendeu o resgate do modelo de Eduardo Mondlane, para tornar o ensino virado ao trabalho e não para o emprego, pois este é limitado.

O Projecto de educação para Mondlane estava virado para o desenvolvimento dos ecossistemas culturais, criação de parcerias com todos os simpatizantes do projecto de desenvolvimento no país e no mundo. A realização de exames de admissão para o ingresso nas universidades é, para o palestrante, uma exclusão com elegância, porque este modelo não costuma ser transparente, dizendo que “é preciso mudar as modalidades de ingresso às universidades”.

Falando da ACIPOL, o Prof. Dr. Reconheceu que esta é uma das poucas universidades do país que inspira confiança, dada à complexidade e disciplina que é aplicada no processo de ensino-prendizagem, por isso recomendou que a academia continue a pesquisar novas abordagens, sem se esquecer do lado para-militar e da subordinação directa ao Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança (FDS).

“A Academia de Ciências Policiais funciona de acordo com a lei do ensino, mas deve melhorar o regulamento académico, incluindo os planos temáticos. Nesta academia, as matérias devem estar mais viradas para o Direito Penal, Civil e Público, mas também deve ministrar disciplinas de Engenharia.

Atómica, uma vez que compete às FDS supervisionar todos os equipamentos atómicos, que entram e saem do país”, recomendou.

 

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