O livro Somos a primeira pessoa do plural, de José Luís Peixoto, será lançado pela Editorial Fundza, às 18 horas de 5 de Maio, no Camões – Centro Cultural Português em Maputo. Pela primeira vez, o escritor português publica um livro por uma editora moçambicana.
Em 2013, Dany Wambire concorreu ao Prémio Literário José Luís Peixoto, em Portugal. Naquele ano, o escritor submeteu os textos agora publicados no livro A adubada fecundidade e outros contos. A partir daí, iniciou um laço fraterno entre o escritor moçambicano e o português José Luís Peixoto, que, recentemente, reencontraram-se no Corrente d’Escritas, em Portugal. “Foi aí que surgiu a ideia de fazermos este livro. Então, nesse momento, comecei a pensar nos textos que poderiam fazer parte e, em pouco tempo, aqui está o livro pronto para ser lido”, afirmou, esta quarta-feira, em Maputo, o autor de Somos a primeira pessoa do plural.
Para a sua primeira obra literária publicada por uma editora moçambicana, José Luís Peixoto juntou textos que lhe pareceram fazer sentido enquanto unidade e que têm como eixo algumas linhas que já escreveu no passado sobre Moçambique.
Esta é a terceira vez que o escritor português encontra-se em Moçambique, para quem é um lugar especial. Por isso, está interessado em trabalhar as experiências resultantes de cá estar nos seus textos literários futuros. Enquanto isso não acontece, “este livro, que se publica aqui, acaba por ser uma oportunidade de levar um pouco do meu trabalho aos leitores moçambicanos. Espero que os leitores moçambicanos vejam o seu país através da minha escrita porque, nós, muitas vezes, aprendemos sobre nós próprios através do olhar dos outros”.
O título do livro inédito de Peixoto, editado pela Fundza, igualmente, pretende sugerir que em termos individuais o Homem é um ser colectivo que existe como colectivo. Assim, Somos a primeira pessoa do plural é um exercício que, muitas vezes, explora dimensões individuais, íntimas, familiares, tentando retratar o que pode e é de todos. “Aquilo que eu mais gostava que acontecesse é que os leitores moçambicanos se sentissem reflectidos por estas palavras, que encontrassem ideias que falassem com eles próprios e que sentissem que isto é aquilo que eles já pensaram e que nunca viram assim retratado em palavras”.
Somos a primeira pessoa do plural é um livro constituído por 20 crónicas, as quais perfazem 101 paginas. Entre as crónicas do livro encontram-se “Antes de embarcar para Moçambique”, “Gorongosa”, “Esta é a estrada, nós somos os condutores”, “A vida”, “Todo o silêncio” e “Família”.
O mais recente título da Editorial Fundza será lançado no Camões – Centro Cultural Português em Maputo às 18 horas do dia 5 de Maio. Segundo disse Peixoto, este deverá ser o primeiro de mais obras literárias publicadas em Moçambique por editoras nacionais.
José Luís Peixoto é um dos mais interessantes autores portugueses da actualidade. Ao longo do seu percurso, além de lançar romance, poesia, crónicas e teatro, também foi laureado com os prémios José Saramago e Oceanos. Nesta sua terceira vez no país, o escritor também irá participar no RESILIÊNCIA – Festival de Literatura, em Maputo, orientar oficina literária em Chonguene (Gaza) e participar em várias actividades sobre o Dia da Língua Portuguesa, que se comemora a 5 de Maio.