Já lá vão 50 anos desde que o Estádio da Machava foi construído e inaugurado, com objectivo de desenvolver o desporto da colónia portuguesa.
Passados estes anos todos, e com pretexto de celebrar as bodas de ouro do mítico Estádio da Machava, a direcção do Clube Ferroviário de Maputo programou uma série de actividades que iniciam na sexta-feira, 29 de Junho, terminando no sábado, dia 30.
Por isso, “como todos sabemos, queremos fazer festa grande e temos estado a programar este evento desde Junho do ano passado a pensar na melhor forma de organizar o evento e este feito dos 50 anos”, tal como disse Sancho Quipisso, presidente do Ferroviário de Maputo.
Da inauguração do Centro de Estágios ao jogo de veteranos
Uma das actividades que terá lugar na tarde de sexta-feira, dia 29 de Junho, primeiro dia destas celebrações, é o lançamento da primeira pedra da construção de um centro comercial no espaço do Estádio da Machava, o Novare Machava Mall, “como uma medida de rentabilizar os espaços com vista[M1] a ver se conseguimos ganhar mais algum apoio financeiro que possa ajudar a fazer face as despesas e necessidades do clube”, de acordo com Quipisso.
O Centro de Estágio do Ferroviário de Maputo já está a ser usado pela equipa sénior para a preparação dos seus jogos, mas a sua inauguração oficial só vai acontecer nestas festividades, devendo ser dirigida pelo Presidente do Conselho de Administração dos Caminhos de Ferro de Moçambique, presidente do clube Ferroviário de Maputo e um dirigente do Governo de Moçambique, que será convidado para a cerimónia.
As exposições e o jantar de gala, onde haverá espaço para homenagem a algumas figuras que deram vida ao Clube Ferroviário de Maputo, serão outras actividades que terão lugar na sexta-feira.
Para o sábado, mais actividades se esperam a iniciarem logo de manhã, com uma corrida de estrada que vai iniciar na cidade da Matola e desaguar no Estádio da Machava, onde já estarão a decorrer duas feiras, sendo uma de saúde e outra gastronómica desde as primeiras horas do dia. Ao longo do dia, mais actividades terão lugar no espaço do Estádio da Machava, dentre elas a ginástica, karate, futebol dos mais novos e mais tarde dos veteranos do Ferroviário de Maputo e do Maxaquene, para além do futebol feminino.
Jomo Cosmos para testar o líder do Moçambola
Quando forem 15H00 de sábado, haverá então a parte central das festividades, com a partida entre a equipa principal do Ferroviário de Maputo e o Jomo Cosmos da África do Sul, equipa onde alinhou, durante muito tempo, o antigo capitão e jogador dos Mambas, Tico-Tico. Este jogo vai servir para testar, internacionalmente, a capacidade do líder do Moçambola em defrontar equipas de fora, bem como dotar a equipa de mais esforços para enfrentar o que resta do campeonato nacional. Em paralelo ao jogo, o paraquedismo e o lançamento de 50 pombos que simbolizam os 50 anos do Estádio da Machava, serão outras das actividades a decorrerem no Estádio da Machava.
Para encerrar o dia e as festividades, haverá o lançamento de fogos de artifícios a antecederem o espectáculo musical com vários artistas nacionais para fazer a parte de entretimento, depois das actividades desportivas.
Porque é dia de festa, as entradas serão livres para todos, uma vez que as actividades começam mais cedo e todos são convidados a participar das mesmas.
Curiosidades do Estádio da Machava
No início da década de 60, nascia na então colónia de Moçambique o sonho de erguer o primeiro Estádio de Futebol.
Um sonho carregado por trabalhadores dos Caminhos-de-ferro, que em 1961 veem aprovada, no Boletim Oficial de 11 de Novembro, a concessão de um espaço no Vale do Infulene para a construção do Estádio.
Em 1968, o Estádio Salazar estava pronto. Com um campo de futebol, uma pista de atletismo, de ciclismo e ainda capacidade para cerca de 45 mil pessoas.
É o primeiro estádio construído em solo moçambicano.
Numa cerimónia, com a presença de altos representantes do Estado Português, cerca de 90 mil pessoas vindas de todos os pontos de Moçambique lotaram o então Estádio Salazar, numa encruzilhada de todos os caminhos.
Após o acto de inauguração, seguiram-se várias expressões culturais, como o desfile de majoretes e votos de que a infraestrutura contribuísse para o crescimento do desporto na colónia.
António Salazar, então primeiro-ministro de Portugal tinha sido convidado e não tendo comparecido enviou um áudio.
A parte oficial terminava com o homem mais veloz do então espaço português, o atleta do Ferroviário, José Magalhães a dar a volta de honra e acender a pira olímpica.
O emocionante jogo Brasil-Portugal foi o primeiro a se disputar no então Estádio Salazar, a 30 de Junho de 1968 e terminou com vitória do Brasil por 2-0.
Os primeiros jogos escolares decorreram no estádio de culto do futebol moçambicano.
Registo importante é o facto da Selecção Nacional ter jogado no Estádio da Machava durante seis anos consecutivos sem conhecer o sabor amargo de uma derrota, pelo que o público considerava Machava “o Cemitério dos visitantes”.
E naqueles tempos, só o facto de jogar no Estádio da Machava servia de motivação para os jogadores. E a motivação também existia do lado de milhares de adeptos que lotavam as bancadas em tardes de muita emoção e euforia.
O Estádio da Machava acolheu igualmente alguns momentos altos de qualificação de Moçambique a três Campeonatos Africanos das Nações, nomeadamente os CAN’S do Egipto, da África do Sul e do Burkina Fasso.
A relva natural, que durante maior parte das cinco décadas, revestia o campo foi substituída por um tapete sintético, facto que tem sido um das queixas dos jogadores.
O projecto inicial do Estádio previa mais um anel de bancadas, dois campos anexos, parque de estacionamento e um Centro de Estágios, este último que foi o único até agora executado e que deverá ser inaugurado no âmbito das comemorações destes 50 anos.