O Estádio Nacional do Zimpeto, qual ovo de Colombo, rebentou pelas costuras sábado último. O povo, esse, não quis perder a oportunidade de se deleitar do seu próprio ópio, neste caso o futebol. Disse, por isso, “sim” ao chamamento da pátria para uma missão hercúlea e histórica.
Hirto, os adeptos fizeram do Zimpeto um “inferno” para os visitantes. Embora, claro, em alguns momentos o ar gélido tenha pairado quando as redes de Ernani balançaram. Não só: quando, após uma distração, o ferro negou o golo ao Benin. Realistas, mas nem por isso fatalistas, os adeptos perceberam que o Benin não era pêra doce. Era preciso acertar agulhas. O bom, nisso tudo, é que estávamos perante milhões de braços, uma só força. O verso do “Pátria Amada” foi, seguramente, uma inspiração “divina” ou mote para colocar em marcha a corrida à Costa do Marfim. Uma causa, uma Nação. Todos eram Mambas, todos entendedores de futebol. O protagonismo e outros “ismos” enchia os egos. Era preciso, afinal, dar a entender que conhecemos algo. Ainda bem que assim foi, embora seja preciso separar águas de uma modalidade que hoje por hoje é ciência.No final do jogo, os jogadores dos Mambas exultaram com a qualificação para o CAN, treze anos depois.
“Fomos à procura do resultado. Achamos que fomos crescendo no jogo. Foi um jogo difícil mas nós sabíamos o que queríamos. Fomos muito felizes e agora é só comemorar”, disse Geny Catamo, jogador dos Mambas.
Em modo eufórico estava outrossim Edmilson Dove, um dos esteios da defensiva da selecção nacional de futebol. “É um momento de euforia não só para nós jogadores como também para o povo moçambicano. É um feito histórico. O nosso povo está de parabéns, sempre acreditou em nós. Esta vitória é de todo o povo moçambicano. Agora temos é que festejar”, regozijou-se Edmilson Dove.
Especial, claramente, para Mexer Sitoe é a qualificação para o CAN 2023 depois de ter feito parte do grupo que, em 2010, esteve na campanha para Angola.
“É um momento especial. Estivemos a semana toda a conversar sobre isso. Se calhar é o último CAN, pode ser o último CAN. Para nós é um momento gratificante, é um momento histórico. Nós estamos felizes por isso”, disse, emocionado, Mexer.
Autor de um dos golos dos Mambas, Witi, jogador do Nacional da Madeira, encheu o peito e ainda que ofegante por tamanho feito, precisou que “estamos todos orgulhosos” e “lutamos muito para alcançar esta qualificação”. Para o esquerdino, “enfrentamos muitas batalhas ao longo desta campanha, e, felizmente, conseguimos o que queriamos”.