As obras literárias Museu da revolução, de João Paulo Borges Coelho, e Rabhia, de Lucílio Manjate, serão lançadas próximo mês, em São Paulo. As duas obras literárias chegarão aos leitores pela editora Kapulana.
Os livros Museu da revolução, de João Paulo Borges Coelho, e Rabhia, de Lucílio Manjate, serão lançados durante a quarta Feira do Livro da UNESP. Sob a chancela da Editora Kapulana, ambas as obras literárias chegam ao Brasil depois de terem sido publicadas em Portugal e em Moçambique.
Reagindo a esta oportunidade de alcançar os leitores brasileiros pela terceira vez, depois de O jovem caçador e a velha dentuça (2016) e A triste história de Barcolino, o homem que não sabia morrer (2017), sempre pela Kapulana, Lucílio Manjate afirmou que a sua obra Rabhia leva um pouco do pulsar da realidade moçambicana à América Latina. Segundo reforçou, há uma marca da literatura moçambicana que a sua escrita carrega para o Brasil, tendo como base que é herdeiro de autores como Ungulani ba ka Khosa, Mia Couto e Aníbal Aleluia.
De igual modo, Manjate considera que esta terceira publicação de um título seu pela Kapulana transparece a sua consolidação como escritor, lembrando que Rabhia foi editado, pela primeira vez, em Portugal por ter sido laureado Prémio Literário Eduardo Costley-White (2017). “Eu espero que o leitor brasileiro possa encontrar em Rabhia uma forma particular de Lucílio Manjate fazer uma incursão pela narrativa policial, que é um género que tenho estado a abraçar. Sinto que em nós, moçambicanos, há uma nova gramática do policial e eu espero que o leitor brasileiro possa encontrar essa outra gramática do policial à moçambicana ou à africana”, afirmou Lucílio Manjate, esta quinta-feira, na Cidade de Maputo.
O policial é promovido no Brasil, pela Kapulana, “como uma história que começa com a descoberta do corpo de Rabhia, uma prostituta. Quem vai investigar o crime é Sthoe, detective excêntrico que já actuou em outros livros de Lucílio Manjate. A trama parece simples, comum, semelhante à maior parte das histórias policiais. No entanto, somente a partir dos relatos de testemunhas e investigadores, é que o retrato de Rabhia é construído, ao mesmo tempo que o da Cidade de Maputo, capital de Moçambique”.
Quanto a Museu da revolução, a Kapulana escreve o seguinte: “O protagonista de Museu da Revolução é um país: Moçambique. Nessa obra de ficção, João Paulo Borges Coelho nos mostra personagens diversas que participam da história de Moçambique. Em uma viagem em uma van – um Hiace antigo – várias pessoas se conhecem e percorrem caminhos em Moçambique à procura de sua história e de sua identidade. Nesse retrato contemporâneo do país africano da África Austral, o leitor não só é convidado a participar de uma viagem no tempo desde os tempos da luta de libertação, mas também a fazer um percurso geográfico por vários outros países que se relacionam com Moçambique de diversas formas”.
A propósito do seu romance, numa entrevista cedida a este jornal, a 7 de Dezembro de 2021, João Paulo Borges Coelho afirmou o seguinte: “Eu olho para o romance como uma caixa de onde vamos tirando coisas que nos interessam, vendo como essas coisas encaixam umas nas outras. E essas coisas têm a ver com temas que queremos explorar, com aspectos da nossa vida e etc. Nesse sentido, o romance é uma descoberta para o leitor, mas antes foi uma descoberta para o autor, que tem uns dias mais difíceis e outros dias mais fáceis. Por exemplo, este romance, eu não diria que tem um tema, mas vários temas que se cruzam e que se encaixam. E todos os temas têm a ver com a nossa vida recente”.
Além de Museu da revolução, de João Paulo Borges Coelho, e Rabhia, de Lucílio Manjate, a editora Kapulana também irá lançar, sempre em Maio, o livro Jaime Bunda, agente secreto, do escritor angolano Pepetela.