“Talvez por se tratar de uma dissertação de mestrado, este livro apresenta-nos um Jeremias pouco conhecido, um Jeremias pouco comum, um Jeremias académico, com todos os adjectivos – bons ou maus – que costumam rotular a esse tipo de pessoas (os académicos) ”, disse Nataniel Ngomane nos primeiros instantes de apresentação da obra “Tendências da Crítica Literária em Moçambique”.
Embora não assumisse a apresentação como tal, Ngomane, através da sua leitura interpretativa, referenciou os aspectos que tornam o livro pertinente. O primeiro aspecto que o professor de literatura destacou é a “densidade discursiva, incomum, fortemente apoiada no repertório de livros e autores canônicos, muitíssimo pouco conhecidos do seu público habitual ou mesmo bastante desconhecidos” e o segundo aspecto que o acadêmico citou é o “rigor analítico, próprio da academia, e uma boa dose de erudição”.
Ngomane recordou ao auditório que esse não é o Jeremias Langa que conhecemos, pelo qual nos habituamos através da tela da televisão.
Por isso, prossegue o apresentador, este livro é de leitura árdua, porque está prenhe de preceitos teóricos muitas vezes aos não iniciados na crítica académica.
“Este é um livro de facto de crítica académica, embora o seja também de crítica jornalística, porquanto aborda essa vertente da critica literária (a jornalística) ”, sustentou Ngomane.
Este livro tem como objecto de estudo os textos críticos, ou seja, a metacrítica: a crítica que analisa a crítica. Ngomane não tem dúvida de que se trata de um livro recomendável aos estudantes de letras, muito em particular aos de literatura; mas não exclui os estudantes de jornalismo, sobretudo aqueles que se interessam pelo jornalismo cultural com ênfase à crítica literária ou a crítica da arte.
Para Ngomane, um dos maiores méritos do livro é levantar diferentes aspectos que para si suscitam comentários. O primeiro aspecto por ele comentado é a presença da literatura na imprensa e o facto da literatura ser vista muitas vezes de fora para dentro. O aparecimento deste livro vem preencher um vazio no que concerne a obras que abordam sobre a nossa literatura, sugerindo, deste modo, a contribuição para a formulação de uma teoria poética africana, cuja modesta do professor preferiu reduzir para a poética moçambicana.
Jeremias Langa, na sua explanação, também referenciou um dos últimos aspectos que Ngomane levantou na sua apresentação, a questão da teoria poética africana ou moçambicana; deixando que a análise sobre a nossa literatura não venha apenas de fora. Para o autor essa foi uma das questões que lhe fez abordar esta temática. Não só, desta forma, Langa mostra que a imprensa “desempenha um papel fundamental como um espaço de legitimação do discurso crítico, porque a crítica enquanto um processo construtivo e analítico, ela se assume como um instrumento de regulação e de orientação do leitor, ao fazer esta mediação entre quem escreve e quem lê, evitando que se torne literário o que não é”.
A cerimónia de lançamento do livro decorreu ontem, em Maputo e foi testemunhada por diferentes personalidades, com destaque para o ministro da Juventude e Desportos, Alberto Nkutumula; magnífico reitor da Universidade Pedagógica, Jorge Ferrão; PCA do grupo SOICO, Daniel David, entre amigos e familiares do autor.
A música de Valdemiro José ajudou para que a viagem literária do jornalista fosse amena. Menos mal!