O País – A verdade como notícia

Japão pode financiar combate ao terrorismo no país

O Primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, foi recebido, hoje, pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, no seu gabinete de trabalho no decurso do périplo de seis dias que o levou a quatro países africanos. Moçambique foi o último país visitado pelo governante nipónico, tendo na Presidência da República mantido um encontro tete-à-tete com Filipe Nyusi, encontro que mais tarde foi alargado às delegações ministeriais dos dois governos.

No final dos encontros, os dois governantes fizeram uma declaração à imprensa, durante a qual Fumio Kishida revelou que o seu país está interessado em financiar o combate ao terrorismo em Cabo Delgado, porque acredita que tal vai permitir que as empresas japonesas que fazem parte dos consórcios que exploram o gás natural na bacia do Rovuma possam operar num ambiente de total segurança.

O Presidente da República, Filipe Nyusi, por seu lado, assim como o Primeiro-ministro do Japão, defenderam a necessidade de expansão do investimento privado japonês em “áreas estruturantes” da economia, tendo em vista resultados concretos na cooperação bilateral. “Continuamos a convencer o sector privado japonês para investir em projectos estruturantes”, disse Nyusi.

O Presidente moçambicano avançou que gostaria de ver o empresariado nipónico envolvido na exploração de oportunidades de investimento nos transportes, agricultura, indústria e turismo, pelo potencial destas áreas de criar desenvolvimento e emprego.

Nyusi apontou ainda a importância da presença de capital japonês nos projectos de gás da Bacia do Rovuma, onde o país está presente através da Mitsui no consórcio liderado pela empresa francesa TotalEnergies, com uma participação de 20%.

Referiu igualmente o financiamento do país asiático ao projecto de reabilitação do Porto de Nacala, Norte de Moçambique, e de uma central termoeléctrica a gás na Cidade de Maputo: Ficou evidente que o Japão é de facto um importante parceiro de Moçambique”

Além da área económica, Filipe Nyusi destacou o papel do Governo nipónico no apoio aos sectores sociais, com destaque para saúde, educação e formação técnico-profissional.

Já o Primeiro-ministro do Japão defendeu a intensificação do investimento privado do seu país em Moçambique, vincando a importância de se obter resultados concretos. “O Japão continuará a apoiar o sector privado para a exploração de oportunidades concretas de negócios existentes em Moçambique”, realçou Fumio Kishida.

“Além das áreas tradicionais de cooperação bilateral, como o sector energético, Tóquio acordou com Moçambique a formação de quadros do país africano na gestão da sustentabilidade da dívida, fornecimento de equipamentos agrícolas e produção agroalimentar”, acrescentou.

“Fiquei impressionado com o alto interesse do sector privado do Japão pelas oportunidades de negócios existentes em Moçambique”, destacou Fumio Kishida.

Maputo foi a última etapa de um périplo que levou o Primeiro-ministro do Japão a quatro países africanos, nomeadamente, Egipto, Gana, Quénia e Moçambique, com três objectivos na agenda, segundo explicou na conferência de imprensa que concedeu no fim da visita.

O primeiro objectivo prende-se com a necessidade de ouvir o ponto de vista africano sobre o papel que o Japão deve desempenhar durante a sua presidência do Grupo das Sete maiores economias do mundo; o segundo visava avaliar a implementação das decisões que saíram da oitava Conferência Internacional sobre o Desenvolvimento de África de Tóquio (TICAD – sigla em inglês) que determina que o Japão deve crescer junto à África e que decidiu disponibilizar mais de 30 mil milhões de dólares para o financiamento no continente.

E o terceiro ponto na agenda era coordenar com os países africanos a estabilização da situação militar e política no Sudão. Durante a conferência de imprensa, anunciou o envio de apoio humanitário para o Sudão. Depois da reunião em Maputo, Fumio Kishida seguiu viagem com destino a Singapura, onde vai manter, amanhã, uma cimeira com o Primeiro-ministro daquele país asíatico.

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos