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Já começaram incidentes eleitorais em Nampula

Um posto de recenseamento eleitoral, em Nampula, esteve encerrado no domingo, devido a um alegado espancamento que terão sofrido dois agentes de recenseamento. As vítimas apresentaram queixa contra fiscais da Renamo.

Trata-se do posto de recenseamento eleitoral situado na Escola Primária Completa Acordos de Lusaka, na periferia da cidade de Nampula, que esteve encerrado durante todo o dia de domingo por alegada violência que terão sofrido dois agentes de recenseamento, também designados brigadistas. E porque o público não foi informado, as pessoas aguardaram um atendimento que não chegou a acontecer. Algumas delas falaram à nossa reportagem e disseram ter presenciado a agressão do dia anterior.

“Os fiscais tomaram conhecimento de que eles estavam aqui nos arredores a conversar. Eles uniram-se e vieram agredir os brigadistas. Não estavam em pleno serviço nem voltaram a abrir as portas para começarem de novo com o trabalho”, testemunhou Rodrigues Augusto, um dos utentes daqueles posto de recenseamento que adiantou que há dias que não consegue recensear-se, porque o posto anda cheio e o processo termina às 16h00.

Os dois agentes de recenseamento dizem que foram agredidos por fiscais da Renamo que controlam o processo, e acrescentam que foram vítimas fora do local de trabalho e depois de encerrarem as máquinas, por isso apresentaram uma queixa-crime na terceira esquadra da Polícia no bairro de Namicopo, cidade de Nampula.

Edgar Manuel Pedro, uma das vítimas, explicou que depois de encerrarem as máquinas, no sábado, saiu juntamente com a colega de trabalho para consolar, nas proximidades do posto, uma família conhecida que teve infelicidade e, no regresso, foram surpreendidos pelos fiscais da Renamo, que os acusaram de estar a fazer um “recenseamento clandestino”. “Os homens da Renamo motivados pelo senhor Patrício Juma Daniel, que é fiscal do partido Renamo, agrediram-nos alegando que estávamos a fazer recenseamento eleitoral nocturno.”

Por sua vez, Justina Agostinho, outra brigadista, que diz ter sido vítima, avançou que “até nem consigo falar, porque a minha cabeça está a doer, andaram a puxar-me as mechas e a minha boca está inflamada”.

A Renamo já reagiu, na voz de Ossufo Ulane, e distancia-se da agressão física. No entanto, assume que neutralizou os dois brigadistas. “Alguém foi capturado em legítima defesa, quer fugir da situação e diz que foi batido. E como é que você prova que foi batido se ele quer defender-se da situação? A situação que está em foco neste momento é que ele estava presente acima da hora normal, num local em que não devia. Só devia estar a Polícia”.

O Secretariado Técnico de Administração Eleitoral promete investigar o caso. “São tendências que temos estado a ver. Desencorajamos este tipo de atitude, porque queremos que o processo corra sem nenhum atrito”, apelou Evaristo Alfredo, director do STAE no distrito de Nampula.

A província de Nampula conta com 456 postos, mais 371 brigadas de recenseamento eleitoral e espera-se abranger um universo de um milhão, quatrocentos e setenta e quatro mil, quatrocentos e sessenta e cinco eleitores.

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