A representante da UNFPA, Fundo das Nações Unidas para a População, foi uma das convidadas à terceira edição do MOZEFO Young Leaders da FUNDASO. Na sua abordagem ao tema “Juventude liderando a transformação”, hoje, Andrea Wojnar apontou o que está mal e o que é preciso fazer com urgência, de modo que o presente e o futuro da juventude moçambicana sejam promissores para o país e para o mundo
90% dos jovens em todo mundo vivem, de acordo com Andrea Wojnar, da UNFPA, Fundo das Nações Unidas para a População, em países em vias de desenvolvimento, sem acesso à educação, à saúde ou sem condições que os deixam em situações vulneráveis. Por isso, considerou esta tarde a representante da UNFPA, que algo está errado.
Partindo da situação global do mundo inteiro, Andrea Wojnar disse que a situação do jovem é delicada, sendo mais delicada em Moçambique. Por isso, referindo-se ao país, numa das sessões do MOZEFO Young Leaders, Wojnar defendeu que investir na juventude é uma questão de bem-estar para toda a população, actual e do futuro.
A representante da UNFPA afirmou que é necessário criar espaços significativos para juventude, e não uma vez por ano, no Dia Internacional da Juventude. Com tais espaços, Andrea Wojnar espera que se fortaleça o engajamento dos jovens, que devem ser chamados à tomada de decisão. Aliado a isso, realçou a importância de se pensar em programas centrados na juventude, que tenha ou não educação. “Os jovens devem ser considerados líderes da transformação porque têm energia, são experientes em tecnologias e são conectados e expostos a grandes informações e conhecimentos mais do que todas as gerações. Os jovens têm redes locais, regionais e internacional mais do que todas as gerações precedentes, e com consciência social mais desenvolvida do que outras gerações. Eles sabem muito bem dos seus direitos e das suas vulnerabilidades”.
De modo que o desenvolvimento económico, social e político seja uma realidade nacional, Andrea Wojnar disse que Moçambique deve investir nos jovens de diferentes áreas, como turismo, agricultura, artes, moda e desporto, porque nem todos os jovens vão trabalhar em negócios. Nisso, harmonizar a formação e experiência é algo que também é relevante. O investimento juvenil faz-se consoante a localização geográfica e idade dos jovens.
Debruçando sobre o tema “Juventude liderando a transformação”, neste penúltimo dia da terceira edição do MOZEFO Young Leaders, a representante da UNFPA disse que Moçambique é um país promissor porque a sua população jovem é de grande riqueza. Ainda assim, há aspectos a resolver. Por exemplo, a falta de literacia estatística, que é importante para que a juventude possa tomar boas decisões. Paralelamente, o país deve fazer o necessário para engajar a juventude, de modo a estar bem educada e bem envolvida na vida económica. Caso contrário, advinha-se uma catástrofe.
Para Andrea Wojnar, os adultos pensam que os jovens são incapazes de governar, liderar e tomar decisões. Isso deve mudar porque os jovens estão melhor posicionados para decidir as suas prioridades. A atitude dos adultos, a incapacidade deles imaginarem os jovens como agentes da mudança, prejudica a juventude moçambicana. “Algumas vezes, nós, os adultos, tentamos solucionar os problemas de forma unidimensional, mas precisamos de abordagem multissectorial porque as questões de desenvolvimento nunca envolvem apenas um sector”.
Se, por um lado, os jovens encontram-se numa situação desconfortável, no processo de desenvolvimento nacional, por outro, o cenário é ainda preocupante para as raparigas em Moçambique. O caso agrava-se devido às altas taxas de casamentos prematuros, das mais graves em todo mundo. Este problema vem acompanhado com o elevado número de novas infecções por HIV em todos os anos. Depois, “Há uma grande tendência de se favorecer a liderança masculina. Sem mudarmos isso, seria difícil falarmos de liderança transformadora. As raparigas encontram barreiras ainda maiores, porque são frequentemente sujeitas a práticas prejudiciais enormes, como violações dos seus direitos humanos. Em algumas províncias do Norte de Moçambique, a taxa de casamentos prematuros supera os 60%”.
Andrea Wojnar lembrou que um país passa por transição demográfica uma vez na sua história de existência, e Moçambique tem uma oportunidade de fazer bem essa transição nos próximos 30 a 50 anos, o que deverá ser uma vantagem para o mundo inteiro.
Por fim, afirmou: “Eu vejo a juventude moçambicana como meus filhos, por isso gostaria de lançar o desafio de todos procurarem entender a juventude e a ajudar a consolidar o seu desenvolvimento com respeito aos seus direitos”.
No quinto dia do evento organizado pela Fundação SOICO (FUNDASO), Andrea Wojnar interveio numa sessão online, igualmente transmitida pela televisão, moderada pela apresentadora Carmelinda Manhiça Fulede.