A investigadora Fernanda Massarongo apresentou, durante um dos painéis da V conferência internacional do IESE, um estudo sobre a política monetária e o sistema financeiro no país, no qual conclui que a política monetária tem tido efeito contrário aos objectivos pretendidos.
“A política monetária alimenta pressões que ela própria está a tentar fazer face, ou melhor, ela acaba sendo contraditória a ela mesma. Se, por um lado, está num momento de expansão, tem que também conciliar com uma restrição monetária”, afirmou.
Fernanda Massarongo, na sua intervenção, afirmou que a política monetária implementada pelo Banco Central procura trazer a estabilidade dos preços, mas tem causado o aumento da dívida pública. “O constante enfoque sobre a inflação, controlo de preços, que faz com que a política monetária esteja constantemente a aumentar as taxas de juro, acaba prejudicando aquilo que é a despesa pública, causa o aumento da dívida pública, não cria incentivo para o sector financeiro”, explicou.
Por outro lado, a investigadora realçou o facto de os bancos comerciais não acompanharem de forma efectiva as alterações das taxas de juro aplicadas pelo Banco Central. “Um outro aspecto que se nota na política monetária é a rigidez e a tendência do sector financeiro em ter uma resposta bastante limitada a ela. Quando a política está a expandir, quando as taxas de juro reduzem, os bancos tendem a responder mais devagar na redução das taxas de juro, mas quando as taxas de juro aumentam, os bancos respondem muito mais rápido e de forma muito intensa”, realçou.
Fernanda Massarongo fez parte do grupo de investigadores do Instituto de Estudos Sociais e Económicos e recentemente juntou-se ao Banco Mundial. O estudo em causa, que foi realizado quando fazia parte do IESE, faz parte das 103 apresentações previstas na V conferência internacional do IESE, que decore em Maputo desde ontem.