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Inundações forçam abandono de casas na cidade de Maputo

Pelo menos 20 famílias do bairro ferroviário, na cidade de Maputo, abandonaram suas casas devido às inundações. Os outros que não tem condições de abandonar o local, buscam hospedagem na vizinhança e o futuro é uma incerteza.

É um dos mais antigos bairros da cidade de Maputo. Acompanham a sua antiguidade, os velhos problemas de inundações sempre que a chuva cai. Aliás, esta é uma situação já previsível, mas há lá moradores que dizem não ter onde ir.

E com a chuva que cai desde tarde de domingo, não podia ser diferente. Localizada numa zona baixa, os caminhos que dão acesso ao bairro Ferroviário são estreitos e por vezes cobertos de vegetação. À primeira vista, o que se vê é uma igreja completamente inundada, sinal de que nem sempre a chuva significa bênção como também dias sem culto.

Já no seu interior, as suas ruas, largas ou estreitas foram tomadas por águas negras estagnadas, fechando o acesso às casas e deixam os proprietários das casas desesperados. E em meio ao desespero, pelo menos 20 famílias foram obrigadas a abandonar suas residências.

Azarias é residente deste bairro há 38 anos e andava tranquilamente por essas ruas, algo que não o faz desde às cheias de 2000. “Desde esse ano (2000), sempre que chove passamos mal de água”, contou Azarias Bila, um dos mais antigos residentes do Ferroviário.

E foram as cíclicas inundações que forçaram muitos residentes a abandonarem suas casas. Sem condições para seguir o mesmo exemplo, Azarias é um espectador resignado das saídas dos seus vizinhos.

“Nós continuamos aqui porque não temos condições de construir, mas já temos terrenos e aos poucos vamos tentando juntar algum dinheiro para conseguir”, disse Bila, num tom confiante.

Mas a mesma sorte não tiveram algumas famílias que, sem condições para abandonar definitivamente suas casas, pediram hospedagem na vizinhança para de perto ver a sua própria desgraça. “Sempre recorrem aos vizinhos para poderem dormir e fazer o seu dia-a-dia”, revelou Márcia Jordão, também moradora do bairro Ferroviário, descrevendo o que os seus hóspedes deixaram para atrás:

“Ali dentro das casas, eles deixaram camas, mesas e cadeiras. Tudo está submerso. Só conseguiram levar algumas capulanas e outras coisas que tiraram da água”.  

Na verdade, Márcia Jordão estende a sua mão para estes vizinhos depois de, supostamente, as autoridades municipais terem virado as costas. “A última vez que choveu, estavam (as famílias) num sítio numa zona alta e lá ficaram três meses enquanto se tentava ver outro sítio para eles ficarem, mas até agora nada”, sublinhou a nossa fonte.

Recentemente, as autoridades municipais afixaram esta placa a proibir a construção de mais casas neste bairro e ainda não há nenhuma resposta para o sofrimento dos mais antigos.

 

 

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