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Insuficiência de laboratórios “trama” indústria de mel no centro

A escassez de laboratórios de processamento de mel está a afectar as comunidades produtoras deste produto na província de Sofala. A preocupação é manifestada pelos produtores do centro do país, que têm sido obrigados a aumentar o preço de venda ao público para compensar os custos de produção.

Trata-se de um problema que tem sido registado em zonas como Catapu, Nhamapaza, Gorongosa e Sussundenga, nas províncias de Manica e Sofala.

Para Moisés Kakuno, especialista em mel da Agência de Desenvolvimento Económico Local, uma organização da sociedade civil que actua na província de Sofala, “o maior desafio que se coloca as comunidades é higiene durante o processo de produção do mel, o que em última analise influencia no preço da compra”.

Apesar da produção do mel ser aparentemente mais delicada, o processamento é a fase-chave de toda a cadeia do negócio, uma vez que é aqui onde incidem os processos de certificação.

Entretanto, faltam unidades de processamento de mel disponíveis para as comunidades, uma vez que as mesmas “não têm fundos suficientes para a construção de um laboratório de qualidade a nível local, o que faz com que haja uma dependência pelo sector privado, já que a comunidade por si só não consegue completar a cadeia de produção do mel”, acrescentou Kakuno.

O processamento determina a qualidade do mel e tem grande influência sobre o preço final. Em Nhamapaza, na província de Sofala, a Agência de Desenvolvimento Económico Local – instalou um laboratório de processamento de mel comprado dos membros das comunidades locais e do distrito de Marringue.

O mel é comprado ao preço de 70 meticais por quilograma. Uma vez processado 800 gramas são vendidas a 300 meticais, o que representa uma diferença de 230 meticais.

O mel é reconhecido como um alimento rico em nutrientes e, portanto, pode ser incluso numa dieta equilibrada e saudável. Ademais, a sua produção concorre para o autossustento das comunidades e fundamentalmente para a preservação das florestas e biodiversidade.

O quadro negro na indústria local de produção de mel foi revelado durante uma excursão pelas províncias de Sofala que juntou mais de 30 camponeses, apicultores e gestores de Lodges comunitários oriundos das províncias da Zambézia e Cabo Delegado, além de uma equipa da Direção Nacional de Florestas.

O programa enquadrado no Mecanismo de Doação Dedicado às Comunidades promovido pelo Fundo Mundial para a Natureza, WWF, visava permitir a troca de experiencias entre aqueles profissionais.

Apesar dos problemas, o denominador comum entre todos os lugares visitados é que os produtores usam colmeias melhoradas e tendem a aperfeiçoar as técnicas de higiene, pois estão conscientes do grau de exigência do mercado em relação aos níveis de qualidade e quantidade do mel.

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