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“Insatisfação estimula conflitos no país”

O Presidente do partido Podemos afirmou que o terrorismo em Cabo Delgado resulta da insatisfação popular. Filipe Nyusi diz que está ciente de que as pessoas não estão satisfeitas, pois falta muita coisa, porém defende que tal não deve ser motivo para adesão às fileiras do terrorismo.

É o retomar da abertura do Presidente da República ao diálogo com partidos políticos.

Depois do encontro com o Presidente da Renamo, Ossufo Momade, em Maio passado e mais recentemente com Lutero Simango, presidente do Movimento Democrático de Moçambique, há menos de três dias, esta quarta-feira, foi a vez dos partidos políticos sem assento no Parlamento.

Ao todo foram 25 partidos políticos extraparlamentares que, a convite de Filipe Nyusi, se reuniram e apresentaram, na sua óptica, os principais desafios do país.

O terrorismo em Cabo Delgado foi destaque neste encontro, tendo o Presidente do PODEMOS avançado que o terrorismo em Cabo Delgado resulta da insatisfação popular, em que, sem alternativa, os jovens se aliam àqueles criminosos com promessas de mudar de vida.

“Os direitos civis não estão a ser respeitados. Eles são aliciados por pequenas coisas e entram em guerra. O problema é nosso e precisa de ser visto”, defendeu Albino Forquilha, presidente do partido Podemos.

Nyusi ouviu e disse estar ciente da insatisfação, contudo esclareceu que “não veja o terrorismo apenas como fruto de insatisfação, que é real. Mas veja a essência do terrorismo no seu todo. Por isso, nós temos solidariedade internacional”.

Segundo o Presidente da República, a insatisfação não é só aqui, em Moçambique. Há muitos nestas condições, mas não é o pior.

“Então, alimentando esta lógica, está a dizer que o terrorismo deve continuar a existir, porque não tem pão, não tem comida. Nós temos a certeza de que não há satisfação, faltam escolas, hospitais, mas estamos a tentar prover as coisas. Quando chegar a sua vez, vai sentar-se aqui (na posição de PR) para ver se não vai faltar comida, pão para todos”, completou Nyusi.

Sobre a conclusão do DDR, Forquilha apelou ao respeito aos acordos, sob pena de o país voltar a pegar nas mesmas armas entregues ao Governo, exactamente por conta das várias violações e insatisfação.

Já o Presidente da Nova Democracia, Salomão Muchanga, confrontou o Chefe de Estado com o que chamou de fechamento do espaço democrático. Como exemplo, Muchanga recordou a acção da polícia diante de várias tentativas de manifestação vividas no país.

“Nós temos assistido no país, que cada vez que os moçambicanos, mesmo quando é para homenagear os heróis nacionais, a nossa Polícia comporta-se como se tivesse licença para perseguir, bater, prender e matar. Isso causa uma insatisfação por parte das pessoas, pois a manifestação é a maneira mais básica de exercer a democracia”, declarou Muchanga

Filipe Nyusi diz que há má compreensão sobre o que é democracia.

“Não há problema de inconsciência. Nós não estamos priores na democracia, como pensam. É como nós entendemos. Manifestar no nosso país é uma coisa normal, mas quando nós adicionamos outros elementos, sobretudo os oportunistas, que se aproveitam da vossa boa intenção para fazer confusão, cria um problema”, disse.

Para o Chefe do Estado, a democracia deve ser exercida com responsabilidade e a Polícia está para garantir que não haja infiltrados nessas intenções, muito menos se desvie o objectivo das manifestações.

No encontro, falou-se também da exclusão social a que se tem assistido, um pouco por todo o país, onde, segundo o líder do partido trabalhista, há privilégios para jovens aliados ao partido no poder.

Avançou-se igualmente a necessidade de haver mais atenção ao sector da saúde, uma vez que “assistimos a uma greve silenciosa dos profissionais de saúde. O povo está a sofrer nas unidades sanitárias. Isto precisa de encontrar um fim”.

Ainda nesta quarta-feira, o Presidente da República recebeu cartas credenciais de nove embaixadores e altos-comissários, no âmbito da cooperação bilateral, tendo instado os designados a fortificarem a cooperação política e económica entre as nações.

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